Ato singelo quebra resistência de bairro
Uma iniciativa simples quebrou a resistência de um bairro de classe média alta da cidade de Cruz Alta frente a criação de um Abrigo para adolescentes no local. Sem externar uma justificativa razoável para não aceitar a instalação do Abrigo, o Ministério Público disse sim à mudança dos adolescentes abandonados e em situação de risco para o novo endereço. Sob a coordenação da Promotoria da Infância e Juventude foi determinado que cada adolescente abrigado, aproveitando projeto de oficina de artesanato existente no Abrigo, criasse um cartão e, junto com uma rosa, entregasse, no Dia das Mães, para cada uma delas residente no bairro em que o Abrigo estava localizado. Foi uma forma singela e eficiente encontrada para demover a idéia dos moradores de combater contra o Abrigo. Para o Ministério Público, “o resultado foi gratificante e satisfatório”, pois os moradores entenderam o direito dos adolescentes em residirem no bairro. Tanto que a Festa de São João deste ano está sendo organizada entre a comunidade e os abrigados.
A participação do Ministério Público de Cruz Alta na integração social desses adolescentes começou quando o promotor de Justiça André de Azevedo Coelho foi procurado pela Secretaria de Desenvolvimento Social do Município, que buscou auxílio para atingir essa meta dentro do seu programa. Com a orientação do Ministério Público, foi elaborado o projeto de integração dos abrigados com a comunidade do bairro em que agora residem. No entanto, antes da instalação do Abrigo no novo bairro, foi dirigido à Promotoria de Justiça abaixo-assinado com mais de 200 assinaturas de residentes manifestando inconformidade com a colocação do Abrigo no local. O abaixo-assinado, acompanhado de uma “carta aberta à população”, também foi remetido à Câmara de Vereadores e lido em sessão.
O promotor de Justiça André Coelho recordou que num passado recente tramitou, na Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Cruz Alta, um inquérito civil instaurado para “promover as medidas necessárias à implementação de um Abrigo destinado a jovens do sexo masculino dos 12 aos 18 anos de idade”. Após competente trabalho das Promotoras de Justiça que atuavam nessa área, foi criado, pelo Município, o “Abrigo Provisório para Meninos Nossa Senhora Medianeira”.
Entretanto, apesar de criado e instalado, um dos principais problemas apresentados pelo Abrigo consistia no espaço físico que ocupava. Então foi apontado pela Administração Municipal que a principal necessidade do Abrigo seria a mudança de prédio, pois o local, além de dispendioso, era ocioso e impróprio para a proposta político-pedagógica do programa. Por isso, foi providenciada a locação de novo prédio, em bairro residencial no município de Cruz Alta.