Evento interinstitucional celebra ações que fomentam inclusão social de adolescentes vulneráveis
O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, o Ministério Público do Trabalho, a Organização Internacional do Trabalho, com o apoio da Superintendência Regional do Trabalho do RS, e a Justiça Federal, realizaram nesta quarta-feira, 27, uma série de atividades culturais que retratam ações voltadas à inclusão social de adolescentes em situação de vulnerabilidade, especialmente por meio da aprendizagem profissional e de outras estratégias de profissionalização e inclusão. Os eventos aconteceram no Átrio do Teatro do Bourbon Country e estão inseridos na programação da Semana de Porto Alegre 2019 e em comemoração aos 100 anos da Organização Internacional do Trabalho.
PORTAS PARA O FUTURO
No primeiro evento da tarde, MP, MPT e Justiça Federal, seção judiciária do RS, que é a instituição idealizadora do projeto, assinaram convênio que institui o selo virtual “Portas para o Futuro”. A subprocuradora-geral de Justiça de Gestão Estratégica, Ana Cristina Cusin Petrucci, assinou o documento que prevê a criação de um símbolo virtual a ser exposto nos sítios oficiais de internet das organizações que concederem vagas para a experiência prática aos jovens aprendizes do acolhimento institucional.
O convênio é fruto de um termo já existente entre o Banrisul, responsável pelo pagamento da bolsa-auxílio dos aprendizes, e o CIEE, que promove a formação de jovens. Também assinaram o termo o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 4ª Região, Victor Hugo Laitano e a juíza Federal diretora do Foro da Seção Judiciária do RS, Daniela Tochetto Cavalheiro, e o juiz Federal Luiz Clóvis Nunes Braga, que conta em sua Vara com o trabalho de uma aprendiz.
APRENDIZANDO PORTO ALEGRE
Em seguida, uma breve cerimônia marcou a inauguração da exposição “Aprendizando Porto Alegre”, onde, em 25 obras, o renomado fotógrafo irlandês Jason Lowe retrata momentos dos projetos de aprendizagem desenvolvidos pelo MP, MPT e OIT. Com as imagens, o fotógrafo ascende uma luz sobre a rotina de aulas teóricas e práticas, que representam um salto rumo ao mundo do trabalho para os adolescentes em situação de vulnerabilidade e que se encontram em acolhimento institucional. A exposição ficará aberta à visitação no átrio do shopping, localizado no terceiro andar, até o dia 29 deste mês.
A promotora de Justiça da Infância e da Juventude Cinara Vianna Dutra Braga, que trabalha com as crianças e adolescentes acolhidos, ressalta que o evento é um marco para as instituições envolvidas, para os empresários, que estão tendo a oportunidade de conhecer os projetos, e para os acolhidos, que sonham em sair dos abrigos e casas lares e conseguir um emprego.
“A cada ano, cerca de 70 meninos e meninas que vivem em abrigos e casas lares na Capital completam 18 anos e, por previsão legal do Estatuto da Criança e do Adolescente, precisam deixar os espaços de proteção. Nessa nova fase, é preciso que todos já estejam inseridos no mercado de trabalho e possam garantir a sua subsistência. Porém, infelizmente, não é essa a realidade que vivemos. Os problemas enfrentados são os mais diversos e muitos desses adolescentes tem dificuldades escolares, apenas 2% dos jovens acolhidos na Capital, entre 14 e 18 anos, terminam o ensino médio. Os 98% restantes são repetentes, a maioria está no 6º ano do ensino fundamental”, explicou a promotora aos presentes.
“E é na tentativa de minimizar esses problemas, que as instituições aqui presentes vêm desenvolvendo projetos dos mais variados, que visam investir na inclusão produtiva dos jovens, possibilitando a inserção de acolhidos nos ensinos fundamental e médio; em cursos técnicos profissionalizantes, cursos de qualificação profissional; atendimento de psicologia, psiquiatria e psicopedagogia, além de atividades variadas de oficinas de literatura, poesia, música e trabalhos manuais”, explicou. Cinara ainda agradeceu aos parceiros MPT, representado pela coordenadora Nacional da Coordinfância, Patrícia de Mello Sanfelici, e a OIT, representada por Thaís Dumet.
Também fizeram uso da palavra o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, o diretor do Escritório da OIT no Brasil, Martin Hahn, e a diretora do Foro da Seção Judiciária do RS, juíza Federal Daniela Tochetto Cavalheiro.
PALAVRA É PODER
A noite terminou com a apresentação da atriz, escritora, poeta e cantora Elisa Lucinda, no show “Palavra é Poder”. Elisa, que une a doçura e o poder da palavra, trouxe à tona questões como racismo, intolerância religiosa, autoconhecimento, coletividade, respeito e ancestralidade. Entre músicas, situações do cotidiano e poemas, a artista abordou temas atuais, através de críticas e reflexões.
PRESENÇAS
Estiveram presentes ao evento a gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem do Tribunal Superior do Trabalho, Maria Silvana Tedesco; o presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente da OAB/RS, Carlos Luiz Sioda Kremmer; o diretor do Departamento da Juventude da Secretaria da Justiça Cidadania e Direitos Humanos, Álvaro Lottermann; o representante do IBDFAN, Camila Moreira Lohman; o representante da Federasul, Gustavo Casarin; o secretário Municipal de Cultura, Luciano Alabarse; a diretora-técnica da Fasc, Vanessa Baldini; o vice-presidente da Amatra 4, Tiago Mallmann; o gerente socioeducativo da Fundação o Pão dos Pobres de Santo Antônio, João Rocha; a representante do CIEE, Juliana Magalhães; a representante do Senac, Liliane Valss; e o representante do Grupo RBS, Túlio Milman.
Fotos: PG Alves/MPRS