“Eu imaginava como seria bom ter um beijo de boa noite, um sorriso de bom dia”
Essa frase foi pronunciada por Gustavo, de 13 anos, no encerramento do “Primeiro Fórum sobre Adoção do Rio Grande do Sul”, realizado nesta segunda-feira, 22, no Palácio do Ministério Público, em Porto Alegre.
Gustavo foi um dos convidados do evento e, acompanhado da família adotiva, emocionou os presentes com um relato da vida no abrigo e da vida que tem agora, depois de ter sido adotado juntamente com três irmãos biológicos. “Quando as visitas chegavam, nós corríamos e nos pendurávamos nelas e, depois, quando elas iam embora, todo mundo chorava. Pensávamos: não foi o nosso dia. Quando eu perguntava para a monitora porque os bebês eram adotados rápido e eu não ela explicava que Deus ainda não tinha concluído o meu plano e que na hora certa apareceria alguém para ser meu pai ou minha mãe. Na escola, os outros meninos contavam que era bom fazer os temas com o pai ajudando e eu também queria ter esse carinho. Eu imaginava como seria bom ter um beijo de boa noite, um sorriso de bom dia. Agora eu tenho tudo isso”, explicou o menino, deixando a plateia emocionada.
FÓRUM DA ADOÇÃO
O “Primeiro Fórum sobre Adoção do Rio Grande do Sul” reuniu especialistas no assunto e pessoas interessadas em adotar. O evento tem a proposta de ser, a partir de agora, um espaço frequente para compartilhamento de experiências e solução de dúvidas sobre o processo de adoção.
O evento contou com a participação da subprocuradora-Geral de Justiça de Gestão Estratégica, Ana Cristina Cusin Petrucci, que em sua manifestação de boas-vindas aos participantes reiterou que a união de instituições públicas e privadas, em eventos como o Fórum, “é fundamental para a resolução de problemas complexos, pois todos compartilham de um mesmo propósito, de um mesmo ideal, que é o garantir os direitos das crianças e dos adolescentes acolhidos”, disse a subprocuradora.
A promotora de Justiça da Infância e da Juventude Cinara Vianna Dutra Braga, coordenadora do Fórum, agradeceu as presenças e explicou que este deve ser um evento contínuo, que visa reunir especialistas no tema para compartilhar experiências e sanar dúvidas a respeito do processo de adoção. “Queremos e estamos, cada vez mais, unindo esforços para que os acolhidos possam ter as oportunidades que a lei garante. Possam encontrar famílias dispostas a adotá-los e serem encontrados por elas. E assim receber o amor que sonham e merecem, pois, sabemos que, por mais estruturada que sejam as casas de acolhimento, com funcionários dedicados, toda a criança e adolescente deve ter um lar”, concluiu a promotora.
Na sequência, especialistas abordaram diferentes aspectos da adoção. Compuseram a mesa a procuradora de Justiça Maria Regina Fay de Azambuja, o desembargador José Antônio Daltoé Cezar, a juíza-corregedora e coordenadora da Infância e Juventude do TJ, Nara Cristina Niumann Cano Saraiva, a professora Vera Ramires, coordenadora da Psicologia da Unisinos, e a psiquiatra Norma Utinguassú Escoteguy , coordenadora do setor de Adoções do Ceapia. Também se manifestaram sobre o tema a presidente do Instituto Amigos de Lucas, Rosi Prigol, e o presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente da OAB, Carlos Luiz Sioda Kramer.
Em seguida, houve a assinatura de um Termo de Colaboração para a criação e veiculação de vídeos de um projeto sobre o tema, denominado “Minuto da Adoção”, entre o MP e a empresa Lux-Fábrica de Conteúdo Corporativo, através do seu representante Marcus Carmo dos Santos e a exibição dos dois primeiros vídeos já produzidos.
A programação também contou com uma apresentação feita pelo servidor do Tribunal de Justiça, Cristiano Borges, que explicou aos presentes o funcionamento do aplicativo desenvolvido para facilitar adoções.
As promotoras de Justiça da Infância e Juventude de Porto Alegre Velocy Melo Pivatto e de Guaíba Ana Luiza Domingues de Souza Leal também participaram do Fórum.