Santa Maria: quinta edição do curso de Práticas Restaurativas certifica mais de 100 multiplicadores
A quinta edição do curso Práticas Restaurativas: a Educação Entrelaçando Redes, que aconteceu no início de outubro, capacitou mais 105 multiplicadores para aplicação de um conjunto de ferramentas que promovem o diálogo e a cultura de paz em situações de conflito e violência e na sua prevenção. Os cinco dias de aula, que totalizam 40 horas de formação, ocorreram no Auditório Ivanise Jann de Jesus, na sede da Promotoria de Justiça de Santa Maria.
Nesta edição, os participantes foram distribuídos em três turmas e a facilitação da atividade ficou a cargo da assessora da Promotoria de Regional de Educação (PREDUC-SM), Isabel Cristina Martins. As três turmas do curso foram compostas por participantes dos municípios de Agudo, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Cruz Alta, Dilermando de Aguiar, Santa Maria, Itaara, Jaguari, Jari, Júlio de Castilhos, Nova Palma, Restinga Sêca, São Francisco de Assis, Santa Maria, Santiago, São Martinho da Serra, São Pedro do Sul, São Sepé, São Vicente do Sul, Toropi, Tupanciretã e Uruguaiana.
Desde 2015, um Protocolo de Intenções entre Ministério Público e Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma) permitiu a certificação de cerca de 550 multiplicadores das Práticas.
Os multiplicadores que já passaram pelo curso vêm dos 44 municípios, de 19 diferentes Comarcas abarcadas pela Promotoria Regional. Muitos deles trabalham nas áreas de Saúde, Assistência Social e Segurança – nesta edição, por exemplo, formaram-se agentes da Guarda Municipal e da Penitenciária Estadual de Santa Maria. É o caso da delegada substituta da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), Ediane de Araujo Batista. Ela acredita no potencial das práticas restaurativas para diminuição dos conflitos nos estabelecimentos penais em que atua e, junto ao o delegado penitenciário regional Anderson Prochnow, que também participou do curso, trabalha agora na implantação de um projeto que se inspira na Justiça Restaurativa para preparar a reinserção à liberdade de apenados e seus familiares.
Na área da educação, formaram-se multiplicadores que ocupam cargos de docência, gestão e orientação nas escolas. A pedagoga Quele Carina Hoffmann de Oliveira, aprovada recentemente em um concurso municipal em Santa Maria, é um desses exemplos. “Senti necessidade de saber sobre as Práticas Restaurativas. Estou certa que poderei utilizar essas técnicas no meu dia a dia como professora, tanto na Educação Infantil quanto nas séries iniciais”, explica Quele.
De Restinga Sêca, município a cerca de 60 quilômetros de Santa Maria, participou a conselheira tutelar Elídia Aparecida Corrêa Vargas. Ela e os outros quatro conselheiros que atendem os pouco mais de 15 mil habitantes de Restinga realizaram um sorteio para escolher quem ocuparia a vaga disponibilizada pela Secretaria Municipal de Educação ao Conselho, nesta edição do curso. Elídia foi escolhida, frequentou o curso, recebeu o certificado e pretende multiplicar o aprendizado junto aos colegas. “Acho que o curso me abriu janelas para entender e saber como lidar com situações de discussões e violências no meu cotidiano de trabalho e em minha vida pessoal, foi muito valioso para minha formação enquanto profissional, me transformou em uma pessoa melhor”, garante ela.
Todos os anos a Promotoria envia convites a entidades e órgãos, como as Secretarias Municipais de Educação da região, para participarem da capacitação. "O curso de práticas restaurativas oportuniza romper com o paradigma de educar pela punição para construir uma hora dinâmica de funcionamento da educação, através da autoresponsabilização dos sujeitos", lembrou a promotora de Justiça Rosangela Corrêa da Rosa. Uma nova edição do curso está prevista para o ano de 2019.