Movimento pela Paz Sepé Tiaraju mobiliza cerca de 3 mil pessoas em Cachoeira do Sul com palestras e oficinas
“Estamos aqui para esvaziar o mercado da violência e a violência é a angústia do ser humano. Nós podemos ser luz na escuridão, podemos construir a paz e sermos pontes para que esse movimento se espalhe pela nossa cidade. Nós acreditamos que o promotor criminal, assim como busca uma rígida execução da pena, também deve usar o conhecimento adquirido na prevenção, para que outros não entrem nesse mundo da criminalidade”, com essas palavras a promotora de Justiça de Cachoeira do Sul Giani Pohlmann Saad recebeu, na noite de quinta-feira, 17, as pessoas que lotaram o salão da Sociedade Clube Rio Branco para a cerimônia de abertura do Movimento pela Paz Sepé Tiaraju na cidade. Em seguida, os integrantes do Movimento formaram um semicírculo para dar as boas vindas ao público e para que cada um pudesse ter um momento de fala para expressar o significado do encontro.
MOVIMENTO PELA PAZ SEPÉ TIARAJU
O Ministério Público é um dos articuladores das ações do Movimento pela Paz Sepé Tiaraju, que visa a valorização da educação como instrumento do desenvolvimento pessoal, social e econômico e conta com apoio de instituições parceiras, entre elas, a Escola Superior do Ministério Público (FMP), a Associação do Ministério Público e instituições parceiras.
Na visão do Movimento, entre os problemas mais recorrentes na escola estão a violência e a dificuldade de estabelecer um trabalho conjunto entre a instituição escolar, a família e a sociedade em geral. A presença desses problemas leva muitas vezes ao abandono escolar e a reprovação, o que acaba por marginalizar um grande número de estudantes, sobretudo das camadas menos privilegiadas da sociedade. O Movimento pela Paz Sepé Tiaraju propõe mobilizar diversos atores sociais para que juntos desenvolvam ações com vistas ao enfrentamento da violência e da exclusão social, por meio da educação e da construção de uma cultura de paz.
NOITE DE ABERTURA
Na abertura do evento, o ex-procurador-geral de Justiça, Roberto Bandeira Pereira, um dos idealizadores do movimento, ressaltou que a participação de cerca de 3 mil pessoas nas atividades, durante três dias, em oficinas e atividades espalhadas por escolas, instituições e locais públicos do município, funciona como um atendimento para a comunidade. “O Ministério Público está inserido no sistema, ele tem, como finalidade de existência, a interação com a comunidade e o que se pretende num movimento como esse é colocar à mesa uma grande reflexão sobre a construção de uma nova realidade balizada por valores éticos, valores de investimento no primeiro estado formador do indivíduo, que é a família. A construção de um herói, na cabeça das crianças e dos adolescentes, que seja dotado de valores éticos, de convívio fraterno e guerreiro, mas da paz. Queremos que esses meninos e meninas sejam daqui para a frente, professores dentro de suas casas, já que são eles que podem tocar o coração dos seus pais”, concluiu o procurador de Justiça.
O promotor de Justiça de Palmeira das Missões João Paulo Bittencourt Cardozo, coordenador do Movimento pela Paz Sepé Tiaraju, reforçou que “o objetivo do Movimento Sepé Tiaraju é semear e, quando percebemos aqui reunidas pessoas que representam várias instituições, crenças diversas, que atuam em setores diferentes, reunidas num mesmo espaço, temos a certeza de que todas entendem e compartilham de uma mesma vontade que é construir a paz. A semente está sendo lançada em Cachoeira e, pela nossa experiência com as edições anteriores, podemos apostar que os frutos virão”, disse ele.
Assim que o momento dedicado à abertura terminou, o convidado da noite, iniciou a palestra, que durou cerca de uma hora e meia. O superintendente dos Educadores da Seicho-No-Ie no Brasil e pedagogo Marcos Rogério Silvestre Vaz Pinto abordou o tema “Ressignificando a Educação”. “Normalmente você pergunta para o professor o que a escola está fazendo e ouve que ‘estamos fazendo um projeto para a paz, para criar um cidadão, para o futuro’ mas nós pensamos que isso deve ser dito e vivenciado de outra forma onde se diga ‘estamos fazendo um projeto na paz, estamos criando cidadãos’. A paz não pode ser um ideal para o futuro, é preciso que seja vivida no cotidiano da escola e sabemos que isso, dentro do nosso modelo atual de educação, com salas lotadas e conteúdo para ser cumprido, não é fácil, mas é possível. O educador precisa ter um olhar individualizado para o aluno, que pede ser para ser visto e ouvido. É preciso estabelecer o diálogo. A educação não está separada do afeto, da compreensão, do acolhimento. Não há como educar sem entender o outro, suas limitações, medos, vivências. Só assim a escola conseguira de fato, ter êxito na construção de uma sociedade com valores éticos, e em paz”, disse o palestrante.
OFICINAS E ATIVIDADES
Na sexta-feira, as atividades continuaram com a realização de 61 oficinas simultâneas que confeccionaram partes do “Colar do Sepé”, atividades lúdicas com o encontro dos heróis “Harry e Sepé” e um círculo de conversa com as participações da promotora de Justiça Regional da Educação de Santa Maria, Rosangela Corrêa da Rosa, da psiquiatra Anahy Fagundes Dias Fonseca, da psicóloga Patrícia Costa da Silva e da vice-presidente de Relações Institucionais da FERGS, Lea Bos Duarte.
No sábado, os voluntários se reuniram no Estádio Derlizão, onde o encerramento das atividades foi marcado por diversas apresentações culturais e pela montagem do “Colar do Sepé”, símbolo de adesão ao movimento.
PRESENÇAS
Também participaram das atividades os procuradores de Justiça Jussara Maria Lahude e Gilmar Bortolotto; os promotores de Justiça Débora Jaeger Becker, Gabriel Cybis Fontana e Anelise Grehs; e o presidente em exercício da Associação do Ministério Público João Ricardo Santos Tavares.