Estudantes discutem bullying e propõem soluções para violência escolar
Desta vez, a palavra foi dos estudantes. Vítimas, protagonistas e espectadores dos casos de violência nas escolas, discutiram o tema, apresentaram alternativas e abordaram um dos problemas mais latentes: o bullying. O debate aconteceu na segunda etapa do seminário “Violência escolar tem saída!”, promovido pelo Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude (CAOIJ). O evento aconteceu na sede do Ministério Público nesta sexta-feira, 24.
“Para promover mudanças, é fundamental que haja participação dos alunos na construção de alternativas. Eles têm que ser atores nesse processo”, afirma a coordenadora do Centro de Apoio, Maria Ignez Franco Santos. Ela salienta que o bullying é um problema que perpassa todas as idades e para coibi-lo “temos que promover uma reflexão sobre os valores, como coleguismo, respeito e solidariedade”.
A programação foi conduzida pelos alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Reus. Na presença de estudantes e professores de escolas das redes pública e particular de diferentes municípios gaúchos, além de profissionais da segurança pública e de outros segmentos, os meninos e meninas expuseram os resultados conquistados pelo projeto “Escola sem violência”, desenvolvido na instituição desde 2006. Sob coordenação do professor Aloizio Pedersen, há quatro anos os estudantes desenvolvem trabalhos relacionados à arte e comunicação com o objetivo de conscientizar e reduzir os índices de violência e depredação do patrimônio da escola, além da prática de bullying. Entre as atividades, estão a produção de vídeos, peças de teatro, pinturas e a manutenção de um blog, com informações sobre as iniciativas realizadas na escola.
Além disso, os estudantes falaram sobre o problema do bullying, o que é, suas causas e efeitos, relatando experiências, esclarecendo dúvidas de alunos e também dos professores. “A gente tem que tomar consciência que isso está acontecendo. E que o valentão que agride nem sempre é valentão. Porque, para mim, quem humilha o outro não é valente, é covarde”, disse um aluno do segundo ano da Escola Padre Reus. “Bullying é crime, tem lei. E não é apenas por isso que ele não pode ser praticado, mas também porque devemos olhar para as outras pessoas e ver coisas boas nela”, lembrou outra aluna. Para concluir, outra estudante falou sobre as consequências do bullying: “Tudo o que a gente pensa, tudo o que nos afeta psicologicamente, pode se manifestar fisicamente, ou como doenças. Depressão, bulimia e até mesmo suicídio”.
O diretor da Escola, Ruy Guimarães, salientou que "a escola não é uma ilha. Os problemas vivenciados na escola existem na vida social, e devem ser trabalhados permanentemente para que possamos construir uma cultura de paz". Para Aloizio Pedersen, a agressividade precisa ter outra leitura. “É preciso resgatar o agressor, e não apenas punir. Temos que chamá-lo, atendê-lo como ser humano, mostrando outra possibilidade para a vida. E não permitir que a vítima sofra calada”. Para ele, “tudo é possível quando educadores conscientes percebem a força política que tem uma sala de aula”.
Segundo Maria Ignez, a ideia é que a discussão provoque o desenvolvimento de iniciativas em outras escolas, e que os estudantes e professores se tornem difusores de informações sobre o tema.
A primeira etapa do seminário “Violência escolar tem saída!” foi realizada em agosto, quando professores se reuniram no Ministério Público para discutir a violência escolar. No dia 5 de novembro acontecerá a última parte, quando professores e alunos irão se reunir novamente, para apresentar projetos criados ou em desenvolvimento, especialmente aqueles elaborados a partir das discussões promovidas durante os outros dois encontros.