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Bullying é debatido no MP

Bullying é debatido no MP

grecelle
Ciclo de Debates organizado pelo Memorial trouxe tema para discussão no mês de julho

“O bullying não corresponde a um simples ato de indisciplina, nem é uma brincadeira típica da infância. É sim, uma repetição de atos agressivos, numa relação em que há desequilíbrio de poder”. O alerta foi dado pela coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude, procuradora de Justiça Maria Ignez Franco Santos, que, juntamente com o médico psiquiatra judiciário do Tribunal de Justiça, Monserrat Martins, e com o professor da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Reus, Aloizio Pedersen, abordou, na noite desta quinta-feira, o tema “O bullying e os efeitos dessa prática”, dentro do projeto “Ciclo de Debates”, organizado pelo Memorial do Ministério Público.

Conforme Maria Ignez, essa prática trás uma série de efeitos colaterais para a vítima, como tristeza, baixa autoestima e evasão escolar. “Ao invés da escola ser um momento de desenvolvimento psicológico, de boas lembranças, se torna um ambiente nocivo tanto para agressores, quanto para quem sofre a violência”. A Procuradora de Justiça saudou o engajamento da comunidade escolar, representada no debate por professores e por um grande número de jovens, no enfrentamento ao bullying.

Para a representante do Ministério Público, a responsabilidade não pode ser toda atribuída ao poder público. “Pais e escola também precisam dar sua parcela de contribuição, buscando alternativas e descobrindo, na troca de experiências, as melhores alternativas. Maria Ignez Franco Santos destacou a preocupação dos legisladores com o tema. “Em Santa Catarina já há uma lei em vigor que institui um programa interdisciplinar de erradicação do bullying. Em Porto Alegre, uma proposta de lei tramita para criar o sistema municipal de prevenção ao problema. E, no Congresso Federal, está em análise um projeto do deputado Vieira da Cunha que define medidas multidisciplinares contra o bullying”.

O médico psiquiatra judiciário Monserrat Martins apresentou ao público casos práticos verificados em 2009 relacionados diretamente ao tema em discussão. “Tivemos, neste ano, seis casos de jovens entre 13 e 17 anos que cometeram homicídios por terem sido, anteriormente, vítimas de bullying daquelas pessoas das quais tiraram a vida”. Conforme Monserrat, esses adolescentes, quando avaliados psiquiatricamente, revelaram que haviam passado por processsos de humilhação e violência. “Uma das meninas interrogadas disse que suas primas tinham apanhado várias vezes, que denúncias foram feitas à Justiça, mas que nunca resultou em medidas práticas”.

De acordo com Martins, essas situações não apontam para problemas em uma determinada instituição, mas para “uma falha em conjunto da sociedade”. Conforme o médico psiquiatra, “precisamos fazer uma reflexão de conceitos, sobre o motivo de isto estar acontecendo. São situações sociais que estão fugindo ao nosso controle e precisam ser estudadas". Ele defendeu o uso da Justiça Restaurativa, uma abordagem inovadora, para identificar quais as necessidades básicas precisam ser supridas para que as pessoas violentas se expressem de outras formas.

Em sua manifestação, o professor Aloizio Pedersen, da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Reus, apresentou o Projeto Interdisciplinar que coordena, desde 2006, visando erradicar a prática do bullying no meio escolar. Ele citou a realização de oficinas, concursos de cartazes e vídeos, como práticas adotadas para abordar o tema. “Atualmente, nossos mais de 1400 alunos estão capacitados para falar do tema. O processo de trabalhar o bullying deve respeitar as individualidades dos alunos”.

Ele pregou a união de escolas para “fazer coisas importantes que o projeto proporciona”. Finalizou salientando que, após participar de um encontro com a Medicina Psiquiátrica e com o Ministério Público, saiu com “a sensação de que nem tudo está perdido”.

O evento foi coordenado pela supervisora do Memorial do Ministério Público, promotora Mauren Jardim Gomes. Prestigiou o encontro, ainda, a promotora de Justiça de Santa Cruz do Sul, Simone Spadari.



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