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Combate e prevenção à violência

Combate e prevenção à violência

marco
Seminário, em Passo Fundo, teve assinatura de termo de integração operacional contra o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes

Nesta segunda-feira, 15, estudantes e profissionais das áreas da psicologia, direito e educação, acompanharam atentamente as palestras do 2º Seminário de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes. Além dos mais de 400 lugares do auditório, foram disponibilizadas outras 100 vagas para assistir à transmissão no anfiteatro da Faculdade de Medicina da UPF, local do evento.

O seminário, realizado pela Promotoria de Justiça Especializada e pela SAMI/CEPIA – Centro de Estudos da Proteção à Infância e Adolescência em conjunto com o Pró-Saúde – Secretaria Municipal de Saúde e UPF, discutiu durante todo o dia formas de diagnosticar, tratar e combater os casos de abuso sexual na infância e adolescência.

Essa violência, considerada uma das mais perversas agressões, marca de forma determinante o desenvolvimento psicológico e social do indivíduo. “Como o abuso ocorre durante o período formativo crítico em que o cérebro está sendo fisicamente esculpido, o impacto do estresse extremo pode deixar marcas indeléveis em sua estrutura e função”. A explicação é do médico e professor da Ufrgs, Renato Zamora Flores, durante palestra proferida pela manhã.

Flores esclarece, ainda, que “a sociedade colhe o que semeia na maneira como cuida de suas crianças”, afinal “o estresse esculpe o cérebro promovendo o aparecimento de vários comportamentos anti-sociais, embora adaptativos”.

Carta aberta

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a negligência, discriminação, exploração, violência crueldade e opressão”. É o que dispõe o artigo 227 da Constituição Federal, embora a realidade aponte para uma situação em desacordo com o estabelecido.

Para que esses direitos sejam efetivamente respeitados foi selada durante o evento a “IV Carta Aberta de Passo Fundo por uma Cultura de Paz”. O documento visa um compromisso de integração operacional entre 26 instituições – abrangendo órgãos do Poder Público Municipal e Estadual e organizações não governamentais – que pretendem a melhoria da rede de atendimento à criança e ao adolescente vítimas de abuso sexual, com a integração e a articulação mais eficaz dos órgãos envolvidos no atendimento.

A promotora de Justiça Ana Cristina Ferrareze Cirne ressalta “o grande número de participantes a as intervenções qualificadas, que demonstram a importância que o tema constitui em discussão. Principalmente, para que possam ser efetivadas ações de prevenção e diagnóstico precoce desta forma violência, em especial nas escolas”. O Ministério Público fiscalizará o cumprimento dos ajustes e em 180 pós assinatura da carta as ações serão analisadas em reunião.

Dados que assustam

A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Laura Elisa Bordignon, explicou que este ano foram atendidos 100 casos de abuso ou exploração sexual só em Passo Fundo e as estimativas nacionais são ainda mais alarmantes. De acordo com o estudo apresentado pela psicóloga e professora da UPF, Silvana Alba Scortegagna, no Brasil cerca 165 crianças sofrem abuso sexual a cada dia, uma média de 7 abusos por hora. Além dos números assustadores, choca ainda mais o fato de que a maioria dos casos ocorre dentro da estrutura familiar. Cerca de 61% das crianças são violentados por pais ou padrastos e 20% por outros parentes próximos. O restante (menos de 20%) por pessoas alheias ao círculo íntimo da vítima.

São informações que “desfazem o mito da família como ambiente amoroso e seguro”, comenta a psicóloga. Essas situações são ainda “um sintoma de que a família é uma família caótica e disfuncional”, complementa Silvana ao explicar que por trás da violência sexual, ainda existem diversos outros problemas que são reflexos de um lar “doente”. (Amanda Schneider de Arruda / Passo Fundo)



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