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Ouvidoria quer dignidade para crianças

Ouvidoria quer dignidade para crianças

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Em audiência realizada em bairro carente de Porto Alegre, a Ouvidora do Ministério Público recebeu dezenas de pedidos de crianças e adolescentes

Uma das características do Dia das Crianças é o atendimento de pedidos de presentes. Uma parte da população infantil recebe, geralmente, um brinquedo. Mas existem outras crianças que pedem, além de brinquedos, um pouco mais de dignidade e qualidade de vida. Foi o que constatou, recentemente, a Ouvidoria do Ministério Público, ao fazer uma audiência pública, no último dia 25 de setembro, em um bairro de Porto Alegre.

Ao sair da Vila Pinto, localizada no bairro Bom Jesus, na zona leste da capital gaúcha, com muitos pedidos de adultos, a Ouvidora Maria Regina Fay de Azambuja também levou solicitações de muitas crianças, através de desenhos e manifestações escritas. Falta de saneamento básico, de segurança pública e melhorias nas escolas são algumas delas, vindas de crianças que estudam nas escolas Antão de Faria e Japão.

SANEAMENTO

Mesmo vivendo em condições precárias, as crianças da Vila Pinto têm preocupação com o meio ambiente. "Eu queria que tirassem os esgotos da frente das casas", escreveu Karine, da 3ªsérie. "Eu queria que não poluíssem os esgotos", escreveu Franciele, da 5ª série, ao lado de desenhos de uma flor e borboleta.

SEGURANÇA PÚBLICA

Uma das maiores preocupações das crianças visitadas pela Ouvidoria do Ministério Público é em relação à segurança. Pedidos como "precisamos de policiamento" ou "segurança é importante" são acompanhados de desenhos que expressam a apreensão. Carolina, por exemplo, desenhou o colégio Antão de Faria com uma casa de vigilância, onde o guarda aparece cuidando das crianças. Alguns vão mais longe e deixam transparecer o clima em que a localidade vive. "Devia ter mais segurança nas ruas, menos tiroteios e violência", escreveu Jéssica Menezes. "Eu queria que tivessem menos crianças mortas pelos bandidos ou por uma bala perdida", desabafou Elisandra, da 3ª série. De acordo com estatísticas pesquisadas pela Ouvidoria, aproximadamente 20 crianças morreram em atos violentos no bairro Bom Jesus, de janeiro a setembro deste ano.

UMA PRAÇA VERDE

"Eu queria que tivesse uma pracinha para brincar", escreveu Camila e a amiga Elisandra. "Queremos mais espaços públicos, praças, quadra de basquete, vôlei, tênis e futebol", pediu um grupo de alunas da 6ª série dos dois colégios. Bruna Soares dos Santos, da 2ª série, expressou seu pedido com desenhos de um trepa-trepa, um balanço e 22 árvores com folhas bem verdes. Outra aluna, Thayline, escreveu a frase "eu quero que preserve a natureza", ao lado de desenhos de flores e nuvens azuis.

O QUE FAZER?

Ao ler os pedidos das crianças, a Ouvidora chegou a uma triste constatação: não há uma única praça verde na Vila Pinto. "Elas querem ter uma vida de criança, um local para brincar", disse Maria Regina. O que fazer para levar um pouco de dignidade para a comunidade infantil do bairro porto-alegrense? Maria Regina enviou resposta para as crianças e a comunidade da Vila Pinto, mas colocou um desafio para a Ouvidoria e outros órgãos públicos: quer unir esforços no sentido de que pelo menos uma praça seja construída no local. Para tanto, enviou ofícios para diversos órgãos apresentando os pedidos feitos pelas crianças. Foram oficiados, entre outros órgãos, a Prefeitura de Porto Alegre e as Promotorias de Justiça do Meio Ambiente e da Infância e Juventude. "O Ministério Público precisa falar por estas crianças", concluiu a Ouvidora.



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