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A técnica de coleta de testemunho

A técnica de coleta de testemunho

marco
Foi o tema que a especialista mundial Amina Memon discorreu na abertura do curso que encerra sexta-feira visando qualificar profissionais

Deve-se acreditar nas crianças? A indagação foi feita pela escocesa Amina Memon, PhD pela University of Aberdeen, expert em Psicologia Forense e Psicologia da Testemunha ao relatar possíveis casos de abusos sexuais americanos, australianos e britânicos. Sua palestra ocorreu nesta manhã, no Palácio do Ministério Público, durante a abertura do curso de “Técnica de Coleta de Testemunho Adulto e Infantil” promovido pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do Ministério Público (CEAF), Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. A organização do curso tem a colaboração do Grupo de Pesquisa em Processos Cognitivos da PUC, coordenado pela professora e doutora Lilian Stein.

A cerimônia foi prestigiada pelo pró-reitor da Universidade, João Dorneles Júnior, que vê no curso a possibilidade de “unir a pesquisa com a realidade do dia-a-dia”. Também contou com a presença de profissionais inerentes à área, servidores, membros e integrantes da Administração Superior da Instituição. A abertura oficial do curso a ser ministrado até a próxima sexta-feira, 13, foi feita pelo procurador-geral de Justiça Mauro Henrique Renner. Ele saudou a “iniciativa pioneira na América Latina, que qualificará profissionais na coleta de testemunho adulto e infantil e depois será multiplicada buscando a formação de novos grupos”.

RESPOSTA

Respondendo sua própria pergunta, Amina Memon, autora de vários livros e artigos científicos, disse: “mesmo que uma criança não tenha vivenciado um abuso sexual, se o questionamento feito for sugestivo ela poderá acreditar, mesmo que nada tenha acontecido”. A especialista mundial na matéria também colocou alguns fatores que podem afetar os relatos de crianças, como “a atmosfera acusatória, a figura de autoridade, viés do entrevistado, pressão dos pais, entrevistadores inexperientes, questionamentos repetidos e uso de bonecas com anatomia detalhada”. Após falar sobre a melhor maneira de colher provas de “testemunhas vulneráveis” como são as crianças, Amina concluiu dizendo: “precisamos de protocolos de entrevistas não sugestivas e assegurar que profissionais usem as técnicas certas”.

PESQUISAS

Baseada em pesquisas e experiências de entrevistadores de todo o mundo, Amina destacou que “há um aumento dos relatos de abuso infantil”. Mas muitas vezes “as evidências são falhas” porque “é fácil influenciar o que adultos e crianças contam”. De acordo com a especialista, o importante é colher “o que viram com os olhos e ouviram com os ouvidos”. Para exemplificar narrou casos em que investigações não obtiveram sucesso e suspeitos acabaram absolvidos. Um deles ocorreu entre 1983 e 90 na pré-escola Mc Martin, nos EUA, onde mais de 12 crianças alegaram sodomia e submissão. Os acusados eram professores e o caso terminou sem condenação. Fatores comuns deste e outros casos que contou são de que se tratavam de crianças pequenas, que fizeram relatos por longo período, principalmente depois de ouvirem os pais, e sofreram questionamentos repetidos e sugestivos.




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