Alegrete: quatro acusados pelo MPRS são condenados por dois homicídios e por ocultar cadáveres em cemitério clandestino
Quatro acusados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) foram condenados pelo Tribunal do Júri, em Alegrete, na terça-feira, dia 26 de novembro, por dois homicídios dolosos qualificados e ocultação dos cadáveres em um cemitério clandestino. Os crimes, que tiveram como motivação desavenças envolvendo o tráfico de drogas, ocorreram entre final de janeiro e início de março de 2023, quando os corpos foram descobertos em covas rasas em uma área verde atrás de um campo de futebol no município da Fronteira Oeste.
As qualificadoras são motivo torpe, em relação às duas mortes, e recurso que dificultou a defesa de apenas uma das vítimas. O mandante e executor dos crimes foi condenado a 57 anos e cinco meses de reclusão por todos os fatos, além de coação mediante violência e ameaça durante o processo. Um comparsa dele, condenado pelas duas ocultações, recebeu uma pena de quatro anos e oito meses de prisão. Um terceiro e quarto réus foram condenados somente por uma ocultação de cadáver, cada um, sendo que um deles recebeu uma pena de dois anos e quatro meses de reclusão e o outro de um ano e seis meses. Todos já estavam presos e também terão de pagar multas.
Pelo MPRS, atuaram durante o processo as promotoras de Justiça Rochelle Jelinek e Gabriela Monteiro. Em plenário, na acusação, os promotores de Justiça Gabriel Munhoz Capelani, de Alegrete, e Francisco Saldanha Lauenstein, designado pelo Núcleo de Apoio ao Júri (NAJ) da instituição. De acordo com a denúncia, as vítimas são dois homens. Um deles foi morto a tiros porque tinha uma dívida com o criminoso que recebeu a pena mais alta, inclusive, o cemitério clandestino ficava nas proximidades da casa do réu. A outra vítima teve as mãos amarradas e foi morta com golpes de martelo na cabeça. O homem havia consumido drogas que seriam revendidas pelo acusado. Antes dos corpos serem enterrados, eles foram carbonizados.
“A decisão soberana do júri da comarca de Alegrete, acolhendo na íntegra os pedidos do Ministério Público, assim como as penas aplicadas pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, demonstram o repúdio da comunidade alegretense a crimes como estes que constituem verdadeiras barbáries e atentados contra o próprio Estado, porque facções criminosas se arvoram no direito de instituírem tribunais do crime, o que não pode ser admitido de forma alguma e merece total repúdio e pronta resposta das instituições do Estado”, ressaltaram os promotores Gabriel Munhoz Capelani e Francisco Saldanha Lauenstein.