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Ex-policial é condenado a 22 anos de prisão pela morte de boxeador Tairone Silva

Ex-policial é condenado a 22 anos de prisão pela morte de boxeador Tairone Silva

marjulieangonese

Depois de três turnos de julgamento, o Conselho de Sentença da 1 ª Vara do Júri da Capital considerou Alexandre Camargo Abe culpado pela morte do boxeador Tairone Luis Silveira da Silva. O veredito divulgado no começo da madrugada desta sexta-feira, 27, é de 22 anos de prisão em regime inicial fechado. Os jurados acataram a tese do MP, defendida pelos promotores de Justiça Fernando Andrade Alves e Eugênio Paes Amorim, de que o homicídio foi duplamente qualificado - por motivo torpe e meio que dificultou a defesa da vítima. Abe recebeu o benefício de recorrer em liberdade.

“Embora o tempo decorrido, as circunstâncias do crime e as consequências da perda prematura de uma vida continuam sensibilizando as pessoas de bem, que integram o Tribunal Popular, tanto no interior quanto na Capital do nosso Estado”, disse o promotor Fernando Andrade Alves, que acompanha o caso nos últimos anos.

Na assistência da acusação, atuou o advogado Carlos Eduardo Fogaça Lisboa. O júri foi realizado em Porto Alegre em virtude de pedido de desaforamento da defesa após sessão de julgamento suspensa em 02 de abril deste ano, na Comarca de Osório. O MP arrolou três testemunhas para deporem durante o julgamento.

O CRIME

Conforme a denúncia apresentada pelo MP e recebida em 29 de março de 2011, no dia 11 daquele mesmo mês, pouco antes das 13h, no Bairro Sulbrasileiro, Tairone Luis Silveira da Silva passava em frente à residência de Alexandre Camargo Abe (à época, soldado com atuação no Comando Regional da Brigada Militar). Ambos residiam na Rua Farrapos, Bairro Sul Brasileiro, em Osório. Tairone passou no local e teria sido chamado pelo denunciado, porém continuou andando no meio da rua, sem responder. Então, Abe passou a acompanhá-lo, na mesma direção e pela calçada, e sacou da cintura uma pistola Taurus, calibre .40. O denunciado atirou contra o boxeador, atingindo-o duas vezes. Um dos tiros acertou o quadril, enquanto que outro, à queima-roupa, atingiu a região do ombro esquerdo. Esse projétil perfurou o pulmão esquerdo, o coração e o fígado, e se alojou na cavidade pleural, o que causou a morte do boxeador.

AMEAÇA NO DIA ANTERIOR À MORTE

Testemunhas afirmaram que Abe havia ameaçado Tairone antes da morte. Tairone não teria reagido e, inclusive, dito para parentes que não levaria a ameaça a registro porque retornaria para o Rio de Janeiro em questão de dias, para continuar o treinamento como boxeador, na Marinha do Brasil.

HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO

A sentença de pronúncia, publicada em 30 de setembro de 2016, julgou procedente a denúncia do MP e pronunciou Alexandre Camargo Abe, determinando seu julgamento pelo Tribunal do Júri por homicídio duplamente qualificado.

De acordo com o MP, o crime foi cometido mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima, uma vez que Abe procurou se aproximar de Tairone e imediatamente sacou sua arma, efetuando os disparos letais de forma repentina, impedindo qualquer espécie de reação, sendo que um disparo, dado à distância, derrubou a vítima, enquanto que o segundo já foi dado à queima-roupa.

O crime também foi cometido por motivo torpe, em virtude da intolerância do réu com o grupo de jovens que se reunia com a vítima nas proximidades de sua casa, o que o incomodava. Segundo testemunhas, Abe manifestou várias vezes insurgência com relação a isso, bem como em face do sentimento de inveja e frustração de não impor o bastante sua condição de policial à vítima, que tinha projeção nacional dentro do esporte que praticava. A denúncia do MP salienta que esses sentimentos afloraram com o fato de Tairone não ter atendido seu chamado, e, em represália, sentindo-se ultrajado e desprezado, efetuou contra os disparos fatais contra o Atleta.

PRISÃO E LIBERDADE

Abe foi preso preventivamente logo após o fato, mas teve deferida sua liberdade em julgamento de Habeas Corpus pelo Tribunal de Justiça, por excesso de prazo na formação da culpa, em janeiro de 2013. Ele foi preso novamente durante o plenário que se iniciou em Osório, no dia 02 de abril, mas obteve o direito de responder em liberdade um mês depois, em novo Habeas Corpus.



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