Combate ao leite e queijo compensado: mantidas prisões de Secretário do IGL e outros quatro investigados
Acompanhando o entendimento do Ministério Público, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do RS negou, nesta segunda-feira, 11, os pedidos de liminar em habeas corpus impetrado pela defesa de Clóvis Marcelo Roesler, Secretário do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), integrante do Conselho Administrativo da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do RS (Apil) e Presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Salvador do Sul e São Pedro da Serra. Da mesma forma, permanecerão presos preventivamente o irmão dele, César Moacir Roesler, a esposa de César, Anete Maria Roesler, assim como os queijeiros que trabalham para a família, Antônio Germano Royer e Selvino Dietrich. Clóvis é sócio administrador da empresa Laticínios Roesler Ltda., que produz a marca Granja Roesler, e César é sócio da Laticínios Campestre Ltda., que detém a marca Campestre. O relator foi o Desembargador Aristides Pedroso Albuquerque Neto.
As prisões preventivas foram determinadas pela Justiça de Montenegro a pedido do MP no âmbito das Operações Leite Compen$ado 11 e Queijo Compen$ado 4, desencadeadas no último dia 5 em São Pedro da Serra, Caxias do Sul, Novo Hamburgo e Estrela. O Coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – Gaeco Segurança Alimentar Alcindo Luz Bastos da Silva Filho prevê que a denúncia seja apresentada até o início da próxima semana.
As operações investigam práticas nocivas à saúde humana pelos suspeitos, já que os produtos fabricados pelas empresas Laticínios Roesler Ltda. e Laticínios Campestre Ltda. (marcas Granja Roesler e Campestre) foram submetidos à análise laboratorial e tiveram resultados positivos para coliformes fecais e staphyloccocus (ambas bactérias gram positivas). Além disso, foi detectada fraude a partir da adição de água e amido de milho no leite para aumentar o volume, bem como o acréscimo de água oxigenada e ácido sórbico (bactericida e fungicida, respectivamente) para aumentar a validade dos produtos (leite de cabra e queijo). A fraude foi constatada pelo Lanagro (laboratório do Mapa) em análises de quatro coletas de leite pasteurizado tipo C da marca Granja Roesler com data de fabricação em 9 de março deste ano e vencimento em 16 do mesmo mês. Todas tiveram o índice de crioscopia (ponto de congelamento) fora dos padrões, o que indica adição de água. Análises feitas na nata da mesma marca tiveram resultado positivo para a presença de amido de milho.
Durante as operações, o MP encontrou, no interior da cidade de Barão, 8,6 toneladas de leite de cabra em pó vencido estocado dentro de uma sala de aula de uma escola municipal. O produto seria misturado junto a leite de cabra em pó das empresas investigadas. As empresas produziam queijo lanche, cobocó, colonial, de cabra, coalho e para assar, bem como nata, leite pasteurizado e leite de cabra, vendidas para todo o Estado. No entanto, possuíam, desde junho do ano passado, restrição para a venda para fora da cidade.