Menu Mobile

Operação Barbeiro prende Policial Civil que cobrava para acobertar criminosos

Operação Barbeiro prende Policial Civil que cobrava para acobertar criminosos

marco

A Promotoria de Venâncio Aires e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), como apoio do Siscrim e da Especializada Criminal da Capital cumpriram quatro mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão nas cidades de Venâncio Aires e Lajeado na manhã desta terça-feira, 19. A Operação Barbeiro investiga a atuação criminosa do Policial Civil Roberto José Fagundes das Chagas, que era pago por fornecer informações privilegiadas para pessoas ligadas à prática de jogos de azar, tráfico de drogas, receptação e estelionato.

Além do Policial, foi preso preventivamente em Venâncio Aires o traficante Luís Cálvio Ferreira. Em Lajeado, a mesma medida foi aplicada ao proprietário de bingo e máquinas caça-níqueis Ronaldo Santin. Uma terceira pessoa permanece foragida. Ainda, houve a prisão em flagrante de Vitor Leandro de Freitas, em cuja casa – onde foi cumprido mandado de busca e apreensão – foi localizada uma arma de calibre de uso restrito das forças de segurança, munição e anabolizantes, que seriam vendidos irregularmente.

O nome da Operação é alusivo ao sobrenome do principal investigado (a doença de chagas é a transmitida pelo inseto barbeiro).

COMBATE À CORRUPÇÃO

Durante coletiva de imprensa, o Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Fabiano Dallazen, ressaltou a importância das instituições enfrentarem a corrupção: “cabe a nós, de forma conjunta, combater a criminalidade dentro das instituições”. E completou: “encontrar agentes que deveriam proteger a sociedade e que recebem dinheiro justamente para atrapalhar a proteção das pessoas é de uma gravidade extrema e, muitas vezes, as instituições têm todo um trabalho prejudicado por causa de um indivíduo criminoso”.

O Promotor de Justiça João Afonso Silva Beltrame, que coordenou a operação, frisou que a prisão “é uma medida pedagógica, já que quem trabalha em serviço público vai saber que o MP, a BM e a Polícia Civil estão atentos à atuação dessas pessoas e, se cometerem crimes, serão ceifados da atuação”. Ele explicou que o Policial “era uma pessoa cancerígena dentro da Delegacia e que trabalhava contra a persecução penal; os servidores que usam o sistema têm que entender que saberemos se crimes foram cometidos e teremos como comprová-los”. O Promotor de Justiça Pedro Rui da Fontoura Porto, que também atuou nas investigações, destacou a importância da disponibilização do Gaeco para o trabalho no Interior do Estado no combate ao crime organizado.

Estiveram presentes, também, o Coordenador do Sistema Integrado de Investigação Criminal (Siscrim), Diego Rosito de Vilas, o Coordenador do Gaeco Região Metropolitana, Reginaldo Freitas da Silva. Ainda o Delegado Regional da Polícia Civil, Luciano Menezes, o Delegado de Venâncio Aires, Felipe Cano, e o Comandante da BM da cidade, Capitão Fábio Bilhar.

Apoiaram a operação a 19ª Delegacia Regional da Polícia Civil, a DP de Venâncio Aires e o Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar.

OS CRIMES

Conforme as investigações, iniciadas no primeiro semestre de 2015, o investigado cobrava R$ 500 mensais de um chefe de organização criminosa ligada ao jogo de azar para lhe informar dados restritos ao sistema informatizado de segurança pública do RS. Ele também informava sobre o andamento de investigações realizadas por colegas de Delegacia sobre o negócio do seu corruptor e sobre possíveis concorrentes investigados. Nesse caso, Chagas incorreu nos crimes de corrupção e violação de sigilo funcional.

Em relação ao agiota José Telmo de Freitas – preso na última sexta-feira em Imbé em virtude de outras investigações –, o suspeito fornecia informações sigilosas para privilegiar a atuação da factoring denominada Banco Sul, fatos documentados pela investigação do Gaeco.

O Policial Civil também é suspeito de corrupção, tráfico, prevaricação e colaboração com associação criminosa, pois prestava informações sobre a movimentação policial para acobertar a atividade e evitar que traficantes fossem presos em flagrante. Para tanto, cobrava valores que variavam de R$ 500 a R$ 200 mensais.

Em outra situação, ele é suspeito de corrupção e participação material e moral em crimes praticados por um homem que utiliza o CPF de terceiros para comprar mercadorias sem realizar o pagamento. Para auxiliar em casos em que o homem fosse flagrado em operação da Brigada Militar, o Policial também cobrava mensalmente. Ainda é investigada a ligação dele com um estelionatário que utiliza identidade falsa e o registro na OAB de uma Advogada para praticar golpes.

Também foi flagrado o crime de violação de sigilo funcional na relação com um Advogado, que obtinha informações privilegiadas quanto ao cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão nas residências de clientes.

APREENSÕES

Além de celulares e documentos, foram apreendidas munições e três armas, uma delas de calibre restrito, anabolizantes, cerca de R$ 20 mil em dinheiro (e uma nota falsa de R$ 50), um automóvel, pequena quantidade de cocaína e maconha, além de um sistema de monitoramento de câmeras de vigilância de uma das residências onde foram cumpridas as buscas.



USO DE COOKIES

O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul utiliza cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação.
Clique aqui para saber mais sobre as nossas políticas de cookies.