Aceita denúncia do MP contra homem que atirou em mulher e crianças após briga de trânsito e perseguição

Foi acolhida pela Justiça a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra Dirceu Pereira Brun, preso desde 29 de setembro, depois de balear a estudante de Direito Ana Cristina Nalovaiko, 34 anos, e um de seus filhos, de 12. Ele é acusado de cometer três tentativas de homicídio. O crime foi praticado no início da noite de 27 de setembro, na Rua Bento Gonçalves, em Novo Hamburgo.

Conforme a denúncia apresentada em 26 de outubro pelo Promotor de Justiça Sandro de Souza Ferreira, a mulher conduzia seu automóvel pela BR 116, junto aos seus dois filhos, de 9 e 12 anos, quando começou a ser perseguida por Dirceu Brun, após um desentendimento de trânsito. A situação iniciou nas proximidades do I Fashion Outlet e se perpetuou por 8,5 km, até a Rua Bento Gonçalves, em frente à entrada do condomínio onde mora Ana Cristina.

Quando a estudante parou o veículo para entrar no estacionamento do condomínio, justamente para alcançar abrigo seguro em virtude da perseguição, Dirceu Brun parou o automóvel que dirigia próximo à ela e, sem descer do carro, atirou contra as vítimas, com intenção de matá-las.

Ana Cristina Nalovaiko e o filho de 12 anos foram atingidos. A mãe teve ferimentos no abdome, com lesões internas múltiplas e comprometimento de órgãos internos, especialmente o fígado. O menino foi baleado na medula, o que resultou no comprometimento da mobilidade dos membros inferiores e da sensibilidade para funções fisiológicas. O garoto de 9 anos não foi ferido.

De acordo com a denúncia do Ministério Público os crimes foram praticados por motivo fútil, uma vez que o denunciado deu início ao ato de tentar matar as vítimas em razão de um desentendimento de trânsito momentos antes do início da perseguição. Ele também utilizou recurso que dificultou a defesa das vítimas, já que as abordou enquanto estavam dentro do carro, sem que pudessem esboçar qualquer reação defensiva.

Assim, Dirceu Brun foi denunciado por três tentativas de homicídio duplamente qualificadas (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa das vítimas). Por serem dolosos os crimes, a pena é aumentada de 1/3 se o crime é praticado contra menores de 14 anos. Ainda, há o agravante da reincidência.

CONDENADO

Em março de 2011, Dirceu foi condenado a 13 anos de reclusão pela morte de Luiz Carlos Dahmer, de quem desconfiava que teria lhe furtado um rádio CD do automóvel. A morte ocorreu em 2002, em um campo de futebol onde Luiz Carlos estava jogando. Dirceu foi de moto até o local e disparou contra Luiz Carlos. Um dos disparos acertou, por erro de pontaria, Anildo de Oliveira, que se preparava para entrar em campo e resistiu aos ferimentos. A manutenção da prisão preventiva de Dirceu Brun foi negada pelo TJ após recurso do MP em 2007. No julgamento, em 2011, teve o direito de apelar da pena em liberdade, situação em que se encontrava quando tentou matar Ana Cristina e seus filhos.