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Leite Compen$ado: preso confirma adulteração e envolvimento de cooperativa paranaense no esquema

Leite Compen$ado: preso confirma adulteração e envolvimento de cooperativa paranaense no esquema

grecelle

Preso nesta quarta-feira, 22, durante a segunda fase da Operação Leite Compen$ado, o transportador Antenor Pedro Signor aceitou a proposta de delação premiada ofertada pelo Ministério Público e confirmou nesta quinta-feira, em depoimento aos Promotores de Justiça Mauro Rockenbach e Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, participação no esquema criminoso de adulteração do leite in natura. Ele deu detalhes de como funcionava a fraude e afirmou que em apenas uma oportunidade a Confepar, união de cooperativas no Paraná que recebia o leite adulterado, rejeitou a carga transportada por ele. Em todas as demais o produto com adição de água e ureia foi aceito pela indústria do estado vizinho.

Em função do acordo de delação premiada firmado com o MP, quando do oferecimento da denúncia criminal Mauro Rockenbach irá postular a redução de metade da pena por ventura aplicada judicialmente. O Promotor de Justiça também deve requisitar a imediata concessão de liberdade ao depoente. “Resolvemos propor esse acordo pela qualidade da informação trazida ao conhecimento do MP. Nosso principal objetivo neste momento é estancar a atuação predatória e criminosa da Confepar no Rio Grande do Sul”, salienta Rockenbach. Conforme explica o Promotor, o ganho da empresa paranaense estava centralizado no volume de leite recebido. “A indústria gaúcha está ociosa em 50% de sua planta. A Confepar praticava uma concorrência desleal, em prejuízo ao RS”.

Em seu depoimento, Antenor Pedro Signor disse que até dezembro de 2012 transportava leite para a indústria Latvida. Em função de problemas com essa empresa, o que ocasionou um prejuízo considerável a sua transportadora, passou a negociar com uma concorrente. Nesse meio tempo, Daniel Riet Villanova, responsável pelo posto de resfriamento em Selbach e preso na primeira fase da operação, se apresentou ao transportador como técnico da Confepar manifestando interesse em ficar com as suas rotas de produtores, inclusive propondo pagar mais do que a concorrência.

Após aceitar a proposta de Daniel Riet Villanova, Antenor Pedro Signor começou a transportar leite para o posto de resfriamento de Selbach em 20 de janeiro deste ano. Conforme confirmou esta tarde ao MP, dez dias depois ele começou a utilizar uma fórmula de adulteração repassada por um conhecido. Posteriormente, o próprio Daniel Villanova apresentou a mesma fórmula e sugeriu sua utilização, dizendo que nenhuma análise detectaria a adição de água. Ela consistia em adicionar 70 litros de água e 300 gramas de ureia ao leite. Segundo informado por Signor, de cada 30 cargas de leite mensais ele adulterava 20. Em média eram mandados para Selbach 600 mil litros do produto alimentício a cada 30 dias.

Antenor Pedro Signor também confirmou que todo leite entregue no posto de resfriamento de Selbach era da Confepar, tanto de seus caminhões quanto de outros transportadores. O depoente ressaltou, ainda, que a mistura de água e ureia era adicionada ao leite depois da coleta junto aos produtores e colocada em todos os tanques, não separando leite de boa qualidade do adulterado. Ele informou ao MP que quando havia fiscalização do Ministério da Agricultura era avisado tanto por Daniel Riet Villanova como pela funcionária Nathália para desviar a rota.

Segundo Antenor Pedro Signor, quando da contratação, o valor do litro de leite teria sido negociado com o Chefe dos Técnicos de Campo da Confepar. Ele revelou, inclusive, que em 8 de maio, recebeu uma ligação desse representante da cooperativa do PR ordenando que uma carga deveria ser desviada para outro posto na cidade de São Martinho.

Na oitiva, Antenor Pedro Signor ressaltou, ainda, que seu irmão Adelar Signor, também preso nesta quarta-feira, não participava da adulteração, não adicionava qualquer substância ao leite e tampouco sabia da fórmula utilizada na fraude. Apenas Odirlei Fogalli, também detido ontem, sabia e participava das fraudes, quer dirigindo os caminhões na coleta do leite junto aos produtores, quer controlando as planilhas do produto coletado.

Os Promotores Mauro Rockenbach e Alcindo Bastos informaram que o depoimento já foi encaminhado para a 7ª Promotoria de Justiça de Londrina, local da sede da Confepar, para as providências cabíveis em face de procedimento investigatório já em tramitação naquela localidade.

Por envolver uma empresa de fora do RS, o Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles, manteve contato com o Secretário Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi; com o Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembleia Legislativa, Deputado Edson Brum; e com o Presidente da Comissão de Representação Externa para acompanhar as investigações da fraude do leite no RS, Parlamentar Ronaldo Santini; para comunicar as novas informações.

NOVA PRISÃO

Nesta quinta-feira, mais um envolvido na fraude do leite foi detido. Trata-se do transportador Paulo Rogério Schultz. O mandado de prisão contra ele foi expedido na tarde de ontem, após uma primeira negativa do judiciário. Durante a segunda fase da Operação Leite Compen$ado foi recolhida em sua residência uma anotação contendo a fórmula para adulteração do leite.



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