Direito de crianças ao lar debatido em seminário
Efetivar o direito de crianças e adolescentes de viver em sua família de origem e o acolhimento familiar e institucional como alternativas provisórias e excepcionais. Este é o principal objetivo do seminário “Criança: cadê a família?”, realizado entre terça e quarta-feira no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça. Participam da organização do evento o Instituto Amigos de Lucas, o Ministério Público gaúcho, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a Unicef e a Associação Brasileira Terra dos Homens. Na cerimônia de abertura, além de depoimentos emocionados das famílias acolhedoras de jovens sem lar, a conferencista da Unicef, Alison Sutton, palestrou com o tema “Família de Origem – O acolhimento familiar no Mundo e no Brasil”.
A presidente do Amigos de Lucas, Ana Cristina Latorre de Algorta, saudou a colaboração de entidades como o Ministério Público, “que ajudam a tornar os sonhos realidades”. Ela também revelou que o sentimento que fica é o de que esse tipo de eventos tem um significado muito grande pois torna todos mais acolhedores. O Instituto é uma ONG, que trabalha na prevenção ao abandona da infância e na luta pela garantia do direito de toda criança ter um lar. Entre suas ações está o apadrinhamento afetivo, para que jovens institucionalizados tenham uma família de referência fora dos abrigos, inserido na comunidade, além de um trabalho voltado para o retorno de abrigados às famílias de origem e desburocratização dos processos parados para agilizar o encaminhamento às famílias substitutas quando não houver mais vínculo com parentes biológicos.
Antes o procurador-geral de Justiça em exercício, Antonio Carlos de Avelar Bastos, agradeceu, em nome da Instituição, “pela oportunidade de proporcionar através da iniciativa, a compreensão da grandeza e significado humano do trabalho realizado por organizações como o Instituto Amigos de Lucas”. Bastos lembrou que num país em que a infância está cada vez mais desprotegida, é impossível não se sensibilizar com o depoimento de voluntários de extraordinário senso humano. O procurador-geral firmou ainda o compromisso de levar a todos os Promotores e Procuradores de Justiça o conhecimento da “cruzada realizada por heróicos anônimos”.
O coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude, Miguel Velasquez, também criticou o descaso com que a infância e a juventude são tratadas em nosso país. “A ausência de investimentos sonega o direito de meninos e meninas a terem uma família”. Velasquez elogiou o trabalho realizado pelo Instituto Amigos de Lucas, que vem conscientizando os órgãos governamentais de que não se pode deixar uma criança tanto tempo dentro de um abrigo. O Promotor disse que chegou a hora das instituições públicas prestarem contas sobre o que estão fazendo para melhorar a vida de milhares de crianças e adolescentes.