Projeto bloqueia uso de telefones em presídios
Um projeto inédito, que está conseguindo bloquear a comunicação telefônica dentro dos presídios do complexo de Charqueadas, foi apresentado nesta terça-feira (29/08) durante coletiva de imprensa na sede do Ministério Público. Durante o encontro, que contou com a presença do secretário estadual de Justiça e Segurança Omar Amorim, do promotor de Justiça Criminal Ricardo Herbstrith e do superintendente de Serviços Penitenciários Djalma Gautério, foi revelado que durante um período monitorado do mês de julho, 91 aparelhos de celular foram bloqueados, através de um serviço de inteligência dos órgãos de segurança.
Através de uma ordem judicial, as empresas de telefonia móvel encaminharam ao Ministério Público uma série de informações fundamentais para a desativação dos telefones. Do total de aparelhos, 45 eram da operadora TIM, 13 da Brasil Telecom, 12 da Rural Cell (clonados), 12 da Claro e nove da Vivo. De acordo com o promotor Ricardo Herbstrith, três antenas com tráfego de comunicação de toda região de Charqueadas foram checadas, “possibilitando afirmar, através de critérios sigilosos, que todos esses telefones funcionavam nas casas prisionais do complexo”.
A expectativa, de acordo com Herbstrith, é de que o trabalho possa ser ampliado futuramente para as demais casas prisionais do Rio Grande do Sul. Ele ressalta ainda que não só os números foram desativados, mas também os chips dos telefones. “Isso impossibilita que os aparelhos sejam reutilizados com outros números”. O Promotor destaca ainda que o trabalho não trouxe gastos aos cofres públicos, “pois todos os softwares utilizados já eram de propriedade da Secretaria da Segurança”.
Para o secretário Omar Amorim, o ato é uma prestação de contas à sociedade gaúcha sobre o trabalho dos órgãos de segurança. “Estamos mostrando que não ficamos parados frente a criminalidade que tomou conta do país”. Ele comemorou a parceria entre Secretaria da Segurança, Ministério Público e Judiciário, “fundamental para a implementação do projeto-piloto”.
De acordo com o superintendente Djalma Gautério, a Susepe também tem atuado na prevenção, tentando conter a entrada dos telefones nos presídios. Segundo ele, os bloqueadores de celulares não deram a resposta esperada, assim como os detectores de metais. Ele aponta como uma das grandes dificuldades para conter o ingresso dos aparelhos, o elevado número de mulheres que introduzem nas partes íntimas não só celulares, como outros instrumentos utilizados pelos criminosos. Conforme dados da Susepe, somente em 2005 foram apreendidos 969 aparelhos celulares nos presídios gaúchos.