Ministério Público de Caxias do Sul receberá hoje material sobre suposto caso de racismo no futebol
Os Promotores de Justiça de Caxias do Sul, Diego Rosito de Vilas e Rafael Stramar de Freitas Santos, receberão nesta terça-feira (07/03) o Termo de Declaração do atleta Jeovânio e a fita com as imagens do jogo entre Grêmio e Juventude, realizado no último domingo. O material, juntamente com uma representação encaminhada pelo Movimento Negro de Caxias do Sul, servirá de base para as investigações do Ministério Público.
Na tarde da segunda-feira, Jeovânio, acompanhado do Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, Paulo Odone Ribeiro, esteve reunido com o Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais Mauro Renner. O volante gremista veio ao Ministério Público reiterar sua vontade de que as possíveis atitudes racistas do zagueiro do Juventude Antônio Carlos, sejam investigadas pela Instituição. Expulso aos 24 minutos do segundo tempo, após cometer falta violenta no jogador do Grêmio, as câmeras de tv flagraram Antônio Carlos passando o dedo sobre a pele, supostamente referindo-se à cor negra de Jeovânio.
O atleta gremista disse que procurou o Ministério Público por entender que é um direito de todo o cidadão buscar justiça quando se sente moralmente abalado. “Eu fiquei muito mal, completamente humilhado. Portanto para mim isso tem uma importância muito grande, para que não passe despercebido e que o caso possa ser elucidado”. Jeovânio também relatou que ao chegar em Porto Alegre e ter um contato com seus familiares é que ficou mais abalado com a situação vivida em Caxias do Sul. “Eu pensei muito na família, nos meus filhos, recebi inclusive uma ligação telefônica da minha mãe chorando”.
O Subprocurador-Geral de Justiça Mauro Renner destacou que esse é um procedimento inicial de coleta dos dados, composto pela declaração do atleta e pela fita contendo as imagens do polêmico lance. “Temos agora a manifestação muito contundente do Jeovânio, no sentido de que os fatos sejam apurados e que se busque a responsabilização pela conduta do jogador Antônio Carlos”.
De acordo com Mauro Renner, três hipóteses podem ser aventadas nessa situação: injúria racial, incitação ao preconceito de raça ou um excesso dentro do confronto esportivo. “Queremos possibilitar um espaço de ampla defesa, sem antecipação de juízo de valor, pois estamos em uma fase inicial, com a coleta de dados e depoimentos”. A previsão legal para a conclusão do procedimento investigatório é de 30 dias.
