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São Gabriel: médico acusado pelo MPRS de matar ex-companheira e namorado é condenado a mais de 58 anos de prisão

São Gabriel: médico acusado pelo MPRS de matar ex-companheira e namorado é condenado a mais de 58 anos de prisão

lbelles

Um médico acusado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) pelos assassinatos da sua ex-companheira e do namorado dela, que era major do Exército, foi condenado pelo Tribunal do Júri de São Gabriel, em plenário que terminou na noite desta quinta-feira, 10 de abril. O réu foi sentenciado à pena de 58 anos, quatro meses e 20 dias de reclusão pelos homicídios, pelo feminicídio e porte ilegal de arma de fogo e um ano de detenção por posse irregular de armas de fogo e munições. O réu está recolhido no Presídio Estadual de São Gabriel.

Os crimes, que ocorreram em frente à casa da vítima e na presença de quatro crianças, tiveram as qualificadoras de motivo torpe, perigo comum, dissimulação e recurso que dificultou a defesa da vítima, além do feminicídio, por terem sido cometidos em contexto de violência doméstica e motivados por questões de gênero. Além disso, os crimes foram cometidos na presença de crianças menores de 14 anos, sendo as filhas gêmeas, de três anos, da vítima com o réu, e as duas filhas do namorado da vítima, de 10 e quatro anos. O réu também foi condenado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.

Os promotores de Justiça Leonardo Giardin de Souza e Graziela Vieira Lorenzoni, integrantes do Núcleo de Apoio ao Tribunal do Júri (NAJ), atuaram no plenário do júri, que durou mais de 20 horas. Para os promotores, o crime foi marcado pelo ódio e pela insensatez do réu, que não se conformava com o fim da relação e acabou tirando a vida de duas pessoas na frente dos seus filhos, demonstrando uma completa indiferença aos traumas que poderia gerar nessas crianças.

“Este julgamento é um marco histórico para a comunidade de São Gabriel, porque ele transmite, com o seu resultado, uma mensagem muito clara de que se alguém pensa que a violência decorrente do sentimento de posse de um homem em relação a uma mulher pode ser compreendida ou tolerada, apostando na prevalência de uma cultura ultrapassada, uma cultura machista, de uma cultura de desrespeito e de desigualdade entre homem e mulher, será punido com severidade. A partir desse paradigma, muitas vidas, tanto de homens quanto de mulheres, serão preservadas”, destacou o promotor Leonardo Giardin de Souza.

Para a promotora Graziela Vieira Lorenzoni, “a condenação que confirmou integralmente a acusação atendeu ao pedido e aos anseios do Ministério Público. Os crimes foram muito graves, em circunstâncias beirando a desumanidade - já que as vítimas, a ex-esposa e seu namorado, foram abatidas indefesas diante de suas filhas de idades entre três e dez anos. Neste contexto, qualquer outro veredicto significaria que aquela comunidade não reconhece a igualdade de direitos de homens e mulheres, mas o Conselho de Sentença compreendeu bem a importância e a seriedade da tarefa que lhe foi confiada, declarando que não tolera a violência de gênero praticada”.

O CRIME

Conforme denúncia do MPRS, no dia 16 de maio de 2023, em um condomínio na zona sul de São Gabriel, o médico teria ido até o imóvel onde sua ex-companheira residia, alegando que iria visitar as filhas. Ao chegar no local, a vítima recebeu o réu na frente do imóvel e, após iniciar uma discussão, o médico sacou uma arma de fogo e disparou contra sua ex-esposa e o namorado. O crime foi motivado pela inconformidade com o fim do relacionamento.

Após cometer o crime, o réu fugiu do local e foi localizado na casa de um amigo. A arma utilizada no crime foi apreendida após ele ter se entregado à polícia com a mediação de um amigo.



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