Debate no Memorial do MPRS marca o Dia da Mulher

Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, o primeiro episódio da séria Debates no Memorial deste ano, que aconteceu nesta segunda-feira, 10 de março, teve como tema a violência contra a mulher.

O encontro reuniu as promotoras de Justiça Ivana Battaglin, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, e Angela Dal Pos, e a artista plástica Graça Craidy, cujas obras estão expostas no Memorial do MPRS desde o dia 11 de fevereiro. A exposição “Meu bem, meu mal”, que encerrou nesta segunda, assinalou os 10 anos de produção da artista.

Na apresentação do evento, o coordenador do Memorial do MP, Marcos Saralegui, lembrou que toda a contribuição para a conscientização sobre esse tema é válida. “A contribuição da arte, então, é decisiva numa sociedade que tem muita informação e pouca cultura. Hoje, todo mundo tem opinião e pouca gente quer ouvir. E a arte é uma maneira de nos ouvirmos a todos” disse o promotor.

Na mesma linha, ao apresentar a convidada, Graça Craidy, o coordenador técnico do Memorial, Günther Axt, pontuou que sua arte é uma forma de entrar em contato com a história dessas mulheres.

Em sua fala, Graça falou sobre o seu trabalho artístico. “Decidi usar esse tema como forma de dar voz a essas mulheres, que muitas vezes sofreram violência por toda uma vida”. Ao buscar estudiosos no assunto, ela conta que se deparou com Adorno. “De acordo com ele, toda arte é política. Adorno me endossa dizendo que a arte é a esfera cultural de melhor instância para conscientização”, explicou.

Para Ivana Battaglin, qualquer evento que trate de violência contra a mulher é importante, “porque a gente precisa falar sobre algo que por vezes é invisibilizado na sociedade, porque é naturalizado. O que temos são cinco mil anos de patriarcado nos dizendo que o nosso lugar é um lugar de inferioridade. Conforme a promotora, os números só aumentam. E isso tem um motivo: “Estamos num momento histórico em que nós mulheres já sabemos o que podemos e o que não não precisamos aguentar mais”, explicou.

Por fim, Angela Dal Pos traçou um paralelo entre as obras expostas no Memorial e o filme “Ainda estou aqui”, recentemente vencedor de um Óscar. “A arte é essa coisa maravilhosa que fala com a gente sem palavras. A arte vem, bota a luz, dá vida a uma pessoa a gente se coloca na pele daquela pessoa. E sente a sua dor. Assim como no filme, nos colocamos no lugar daquela família, nas telas da Graça nós sentimos a dor daquelas mulheres e isso transforma”, destacou a promotora.

MÚSICA NO MEMORIAL

Ainda em alusão ao tema da mulher, nesta terça-feira, 11 de março, a convidada do projeto Música no Memorial é a cantora e apresentadora Shana Müller. O evento acontece a partir das 18h30. Shana irá conversar com o jornalista Juarez Fonseca, que comanda o programa, e interpretar algumas canções. “Sou uma defensora da presença da mulher na música, da composição à interpretação”, destaca Shana. O evento tem entrada franca e acontece no Palácio do Ministério Público (Praça Marechal Deodoro, 110), na esquina da praça com a rua Jerônimo Coelho, em Porto Alegre.