Charqueadas: terceiro júri dos denunciados pela morte de Ronei Jr. começa nesta segunda-feira
O terceiro julgamento dos acusados pela morte do adolescente Ronei Faleiro Jr., ocorrida em 2015, na saída de uma festa em Charqueadas, começa às 9h desta segunda-feira, 11 de julho. Irão a julgamento Jhonata Paulino da Silva Hammes, Matheus Simão Alves e Cristian Silveira Sampaio. Ao todo, 10 pessoas foram acusadas pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS): são 9 réus em um processo e um, em outro. Além do adolescente, foram vítimas de tentativas de homicídio o pai dele, Ronei Wilson Faleiro, e o casal de amigos Richard Saraiva de Almeida e Francielle Wienke. Atuarão em plenário os promotores de Justiça Anahi Gracia de Barreto, João Claudio Pizzato Sidou e Eugênio Paes Amorim.
Os réus são acusados dos crimes de homicídio qualificado (meio cruel e recurso que dificultou a defesa), três tentativas de homicídio qualificado (motivo fútil – apenas em relação a Richard –, meio cruel e recurso que dificultou a defesa), associação criminosa e corrupção de menores.
O julgamento, que será transmitido ao vivo pelo canal do TJRS no YouTube, se iniciará com o depoimento das três vítimas sobreviventes. Depois, serão ouvidas as testemunhas e os três acusados. Encerrada essa fase de instrução, serão abertos os debates, em que MPRS e defesa terão 2 horas e 30 minutos cada para se manifestarem. Réplica e tréplica, se houver, serão de 2 horas cada. Após, haverá a votação do julgamento dos três réus. A expectativa é de que o julgamento se estenda por dois a três dias.
ÚLTIMO DE UMA SÉRIE DE TRÊS JÚRIS
O júri de 9 dos 10 réus, marcado inicialmente para novembro de 2019, foi dividido em três julgamentos diferentes. Peterson Patric Silveira Oliveira, Vinícius Adonai Carvalho da Silva, Leonardo Macedo Cunha, Alisson Barbosa Cavalheiro, Geovani Silva de Souza e Volnei Pereira de Araújo foram condenados com penas que variam de 35 anos e 4 meses a 41 anos e 6 meses nos dois júris anteriores. O décimo adulto acusado de envolvimento nos crimes, Rafael Trindade de Almeida, foi denunciado depois dos demais e seu caso é apurado em outro processo. Conforme os promotores, eles formavam o “bonde da aba reta”.
PARECERES CONTRÁRIOS ÀS SOLTURAS
Nos dois julgamentos anteriores, os réus foram mantidos em liberdade mesmo após as sentenças condenatórias por força de habeas corpus preventivos. Em ambos os casos, o Ministério Público do Rio Grande do Sul emitiu pareceres contrários às solturas e aguarda julgamento do mérito. Para o MPRS, os réus devem ser presos para cumprimento imediato das penas.
COMO ACONTECEU
Conforme a denúncia do MP em Charqueadas, o pai do adolescente, Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro (também vítima), deixou seu filho Ronei Jr. na noite de 31 de julho, uma sexta-feira, às 22h, no Clube Tiradentes. O combinado era que iria buscá-lo às 5h. A festa era promovida para arrecadar fundos para a formatura no Ensino Médio da turma do adolescente. Por volta do horário combinado, o pai ligou para seu filho, que pediu para que aguardasse mais 15 minutos e desse carona a um casal de amigos.
O pai foi até a porta do clube para falar com o filho e o casal. Na saída, perceberam que seriam hostilizados e rapidamente aceleraram o passo para entrar no carro. Quando Ronei Jr. tentou ingressar no veículo, foi puxado para fora e cercado por outros jovens, que chutavam o automóvel. O pai passou a ser atingido com garrafadas, socos e pontapés, recebendo, inclusive, uma “voadeira”. Isso impediu que ele evitasse que o grupo abrisse a porta do carro e atingisse as outras vítimas. Em um determinado momento, conseguiu se desvencilhar dos agressores, entrou no carro e saiu imediatamente do local com o filho e o casal de amigos no interior no automóvel.
No caminho, ao perceber as lesões que o filho e o casal haviam sofrido, deslocou-se rapidamente para o Hospital de Charqueadas. Devido à gravidade, Júnior foi encaminhado de ambulância para o Hospital Santo Antônio, em Porto Alegre. No entanto, chegou à capital sem vida.
Na denúncia, constam um vídeo e áudios em que integrantes do grupo contam, detalhadamente, como ocorreram as agressões. Os crimes foram cometidos com a clara intenção de matar, simplesmente pelo fato do amigo de Ronei Jr. residir em São Jerônimo e não em Charqueadas, como todos os denunciados.
O ataque a Ronei Jr., seu pai e amigos contou com a participação de menores. O MP apontou sete na acusação: a quatro deles foi aplicada, em 18 de setembro de 2015, medida socioeducativa de internação por três anos, prazo máximo estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente. Os outros três foram absolvidos.
Acompanhe a sessão ao vivo pelo canal do Tribunal de Justiça (TJRS) no YouTube.
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