Menu Mobile

Caso Kiss: sétimo dia de julgamento foi o mais longo até momento

Caso Kiss: sétimo dia de julgamento foi o mais longo até momento

ceidelwein

Quatro pessoas foram ouvidas nesta terça-feira, 7 de dezembro, no sétimo dia de julgamento dos quatro réus denunciados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) por conta da tragédia na boate Kiss. Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, sócios da Kiss, e Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, da banda Gurizada Fandangueira, respondem por 242 homicídios com dolo eventual e 636 tentativas de homicídio.

Com os depoimentos de Venâncio da Silva Anschau, Nívia da Silva Braido, Gerson da Rosa Pereira e Nilvo José Dornelles, chega a 24 o número de pessoas ouvidas. A previsão é que as últimas quatro testemunhas sejam ouvidas nesta quarta-feira, a partir das 9h.

Anschau era operador de áudio e prestava serviço para a banda Gurizada Fandangueira. Testemunha arrolada por uma das defesas, disse que era sabido por ele e pelas casas noturnas que a banda utilizava artefatos pirotécnicos nos shows. O depoente disse, inclusive, que pelo o que se lembra, havia presenciado, antes da tragédia, show da banda Gurizada Fandangueira na Kiss com uso de fogos. Além disso, garantiu ter acompanhado pelo menos dois shows do grupo na boate Absinto, sendo que em um deles foram utilizados fogos.

O promotor de Justiça David Medina da Silva perguntou quais eram as precauções que a banda tomava para que nada desse errado. “Sempre me disseram que era tudo (fogo) frio”, disse o operador de áudio. À promotora de Justiça Lúcia Helena Callegari, respondeu que viu o réu Elissandro Spohr na frente da casa noturna enquanto o fogo a consumia. E que o sócio da boate questionava: “Que aconteceu com minha boate? O que aconteceu com vocês?”

À tarde, foi ouvida a arquiteta Nívia da Silva Braido, arrolada pelo Ministério Público. Ela prestou depoimento na condição de informante e ganhou um livro autografado da Daniela Arbex sobre a tragédia. A depoente confirmou que esteve na obra da Kiss, fotografou e enviou propostas com opções do que o sócio da boate e réu Elissandro poderia fazer em relação à arquitetura de interiores. À promotora Lúcia, a arquiteta reiterou que entregou uma proposta para mudanças na decoração da Kiss ao réu Elissandro e que ele afirmou que precisaria confirmar com seu sócio, Mauro, também réu.

Em seguida, teve início o depoimento de Gerson da Rosa Pereira, testemunha arrolada pela defesa de um dos réus. Ele é bombeiro militar e, na época da tragédia, era chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional dos Bombeiros de Santa Maria. A testemunha relatou que, no momento em que recebeu a informação sobre o incêndio, já havia 30 mortos e que as imagens eram muito fortes até para um profissional de segurança.
Ao responder ao juiz sobre a causa das mortes, Gerson afirmou que foi por asfixia tóxica da inalação do gás emitido pela espuma que incendiou, composta por cianeto. Segundo ele, trata-se de um gás letal conhecido historicamente e muito empregado nos campos de concentração nazistas.

O promotor David Medina mostrou reportagem em que o sócio da boate e réu Elissandro teria afirmado que a Kiss comportava até 1,4 mil clientes e perguntou ao bombeiro se a porta de saída era condizente ao número. O depoente afirmou que ela foi vistoriada levando em conta a capacidade de 691 pessoas. Ao ser questionado se os bombeiros foram informados em algum momento que seriam utilizados fogos de artifício pela banda Gurizada Fandangueira na boate Kiss, respondeu: “Nunca”.

À promotora, que perguntou se era comum em fiscalizações da Corporação encontrar extintores sem lacre ou avariados, o chefe dos bombeiros respondeu que sim e contou o caso de uma pessoa que possuía dois empreendimentos e usou os mesmos extintores em ambos. Conforme a testemunha, os bombeiros fiscalizaram o primeiro e, quando saíram, todos os extintores foram levados ao segundo empreendimento. O depoimento de Gerson Pereira se estendeu por mais de seis horas.

A última testemunha inquirida nesta terça-feira foi Nilvo José Dornelles, proprietário da boate Ballare, que fechou em 2014. Dornelles disse que usava espumas na sua casa noturna, mas na época do depoimento teve vergonha de reconhecer. "Achei que não pegaria bem com a opinião pública", afirmou. Ainda, respondendo ao juiz, disse que antes da tragédia colocava cerca de 1,2 mil pessoas em uma mesma noite na boate. Questionado sobre o tamanho da Ballare em comparação com a Kiss, disse que ambas tinham tamanho similar.

Ao Ministério Público, o depoente admitiu usar fogos na Ballare. Quando questionado pelo promotor se adotava alguma medida de precaução para utilizar esses artefatos, o depoente disse que ficava apreensivo, mas que “o barman testou antes para ver se as chamas não alcançavam o teto”.

Acompanhe a atuação do Ministério Público do Rio Grande do Sul nas redes sociais e no site da instituição.

twitter.com/mp_rs
instagram.com/ministeriopublicors
facebook.com/mprgs



USO DE COOKIES

O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul utiliza cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação.
Clique aqui para saber mais sobre as nossas políticas de cookies.