Operação Império da Lei III transfere sete líderes de organizações criminosas para penitenciárias federais
Em uma nova ação integrada entre as forças de segurança e poderes das esferas federal e estadual, sete detentos em posição de liderança nas principais organizações criminosas que circulam no Estado foram transferidos para estabelecimentos prisionais federais. Sob coordenação do programa RS Seguro, as secretarias da Segurança Pública (SSP) e de Justiça e sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS) deflagraram a Operação Império da Lei III, na manhã desta terça-feira, 27 de julho.
Com a participação de 300 agentes e o emprego de 30 viaturas e uma aeronave, a ação dá continuidade às duas etapas da Operação Império da Lei que, em março e novembro de 2020, enviaram um total de 27 líderes de grupos criminosos para estabelecimentos do Sistema Penitenciário Federal (SPF). Somadas as três etapas da operação, já são 33 presos transferidos para casas prisionais federais.
A partir do trabalho das áreas de inteligência para robustecer os relatórios da Polícia Civil, o Ministério Público do Rio Grande do Sul, no Interior do Estado, entrou com a solicitação para remoção de três dos transferidos. Um quarto será enviado para fora do RS a partir de representação da Polícia Civil. Outros dois foram alvo de solicitação da Polícia Federal em processos da Vara Criminal Federal gaúcha. O último teve a transferência validada pela Justiça a partir de recurso do MPRS – ele teve a permanência no SPF negada no ano passado e, agora, retorna a partir da decisão do Judiciário que acolheu as razões apresentadas pelo Ministério Público.
Para o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MPRS, Júlio César de Melo, a medida hoje executada, a exemplo de outras de mesma natureza já adotadas em 2017 e 2020, "bem representa a importância da atuação do Ministério Público mediante a articulação interinstitucional na repressão e prevenção ao ilícito". Agindo de forma estratégica e integrada, segue o subprocuradior-geral, "podemos alcançar melhores resultados no enfrentamento à criminalidade". Júlio Melo conclui dizendo que "a transferência de presos, considerados de altíssima periculosidade, para penitenciárias federais evita que persistam coordenando e influenciando suas organizações criminosas e, portanto, é medida que contribui de forma eficaz para conter a prática do ilícito".
Em respeito à Lei de Abuso de Autoridade, não será divulgada a identificação dos presos. Quatro deles integram organização criminosa com origem na região do Vale dos Sinos, dois ocupavam posição de liderança em quadrilha com base no Bairro Bom Jesus, na Capital, e um dos transferidos é ligado à organização criminosa situada na Região Sul do Estado.
A Império da Lei III teve participação de 12 instituições estaduais e federais. Pelo RS, além da SSP e da SJSPS, atuaram Brigada Militar (BM), Polícia Civil (PC), Instituto-Geral de Perícias (IGP), Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS), Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Ministério Público e Poder Judiciário. Pela União, além do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), somaram-se esforços da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Com os alvos da Império da Lei III, chega a 47 a soma de detentos do Rio Grande do Sul isolados em penitenciárias federais. Um dos detentos está sendo encaminhado ao sistema penitenciário federal pela terceira vez.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E COOPERAÇÃO PARA SUCESSO DA OFENSIVA
O comitê executivo do RS Seguro e as instituições envolvidas trabalharam na seleção de novos alvos e na complementação dos relatórios, com análise de informações de inteligência. Com as representações conjuntas de Polícia Civil, MP e PF deferidas pelo Poder Judiciário estadual e federal ao longo dos últimos meses, o passo seguinte foi a articulação dos meios necessários para a ação de transferência. Na segunda-feira, 26 de julho), foi realizada reunião final de planejamento, no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF).
O trabalho para a remoção e transferência dos presos começou ainda na noite desta segunda-feira, por volta das 22h, com a remoção dos apenados que seriam transferidos. Os presos foram encaminhados de diversas casas prisionais para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Com todos os alvos reunidos, fechando o grupo de sete transferidos, foi iniciada a saída do comboio único de cerca de 30 veículos. Às 10h30 desta terça-feira, as viaturas da Divisão de Segurança e Escolta (DSE) e do Grupo de Ações Especiais da Susepe (Gaes), do Comando de Policiamento de Choque (CP Chq) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da BM, da PRF, da Polícia Civil, da PF e uma ambulância do CBMRS partiram da Pasc.
Em cerca de uma hora, percorreram o trajeto de 55 quilômetros até o Batalhão de Aviação da BM (BAV-BM), ao lado do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Para eventuais emergências, o CBMRS posicionou uma viatura de combate a incêndio na origem do trajeto, além da ambulância de resgate junto ao comboio, para possibilitar o socorro imediato na hipótese de acidentes.
No BAV-BM, os veículos ingressaram em um estacionamento exclusivo com acesso ao hangar. Em uma sala reservada do Batalhão, os detentos passaram por exames de corpo de delito, realizado por um perito médico do IGP. Na sequência, foram entregues a agentes do Depen para embarque em um avião da PF com destino a penitenciárias federais, onde serão mantidos isolados de qualquer contato com outros presos. Antes da viagem, os transferidos realizam testes RT-PCR para detecção da Covid-19 e o resultado de todos foi negativo.
Além de toda a mobilização para o transporte, dias antes de deflagrar a Império da Lei III e durante a execução do plano, as forças de segurança reforçaram o patrulhamento em pontos estratégicos levantados pela área de inteligência da operação, em especial nas regiões de atuação dos transferidos.
Com o objetivo de ampliar a presença ostensiva e evitar reações, a Brigada Militar e a Polícia Civil ainda contam com as atividades da Operação Forças Integradas, com apoio da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). A mobilização tem intensificado a presença policial preventiva, repressiva e investigativa em diversos pontos do Estado, a partir da estratégia de foco territorial do Programa RS Seguro.
Imagens: Gregóri Bertó/SSP e Tiago Coutinho/MPRS (coletiva)