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Preso na operação de Passo Fundo ganha liberdade ao aceitar benefício da delação premiada

Preso na operação de Passo Fundo ganha liberdade ao aceitar benefício da delação premiada

marco

“Se as investigações andarem num ritmo satisfatório, o Ministério Público deverá, em no máximo dois meses, oferecer denúncia à Justiça contra os envolvidos nos crimes”. O anúncio da medida a ser tomada futuramente é do promotor de Justiça Frederico Schneider de Medeiros, da Especializada Criminal de Porto Alegre. Ele coordenou, na manhã de sexta-feira, em Passo Fundo, a “Operação Lagarta” – batizada com esse nome em conotação à praga que destrói lavouras de soja. “Os elementos de provas colhidos na investigação e no desencadeamento da operação são suficientes para denunciar os presos, mas não concluímos nosso trabalho”, frisou Frederico Medeiros que, no sábado, pediu à Justiça a soltura de um deles. “Isso foi possível porque o Ministério Público promoveu o acordo da delação premiada”, explicou o Promotor de Justiça, salientando que o preso, já em liberdade, era um dos empregados da empresa e, em depoimento filmado, “confirmou detalhadamente todo o procedimento do grupo que agia desde 2003”.

APREENSÃO

Os cinco homens acabaram presos pela Força-Tarefa do Ministério Público. Eles são acusados de aplicarem golpes contra uma das principais empresas de agribusiness e alimentos do País, gerando um prejuízo de cerca de um milhão de dólares. No desfecho da operação – que contou com mais de 20 agentes e, ainda, o reforço de policiais do BOE da Brigada Militar – foram apreendidos seis carros e um caminhão, dois revólveres e uma espingarda, uma central clandestina de telefone, talões de notas fiscais e contratos de compra e venda de imóveis. Também foram seqüestrados seis imóveis. Dentre os bens constam três apartamentos, uma casa, uma área rural e uma propriedade com instalações de uma empresa de armazenagem e comercialização de grãos.

INVESTIGAÇÃO

Os mandados de busca e apreensão temporária, expedidos pela Justiça, foram cumpridos de maneira simultânea, em diferentes pontos da cidade. Nove suspeitos ainda são investigados na região do planalto-médio. Todos os passos do trabalho foram relatados ao Poder Judiciário que, com base na Lei 9.034/95, permitiu a infiltração de agente na organização criminosa, a interceptação telefônica, gravações de áudio e vídeo e, principalmente, a ação controlada, possibilitando a avaliação pelos responsáveis pela investigação, do melhor momento, do ponto de vista de coleta da prova, para a intervenção e conseqüente interdição da ação criminosa. Um funcionário e três produtores rurais, que fraudaram o ingresso de mais de 2.600 toneladas de soja na multinacional, continuam recolhidos ao presídio regional.

INFILTRAÇÃO

A medida de infiltração de agente policial, considerada inédita no âmbito do Ministério Público, foi autorizada judicialmente. Um policial da Força-Tarefa permaneceu seis meses “trabalhando” na empresa, o que lhe possibilitou tirar fotos e vasculhar documentos até chegar aos suspeitos que ocupavam a função de “balanceiro” nas unidades de Passo Fundo. Para evitar a revelação da real identidade do agente infiltrado e garantir sua integridade, foram tomadas medidas como a “criação” de uma empresa de consultoria para a qual trabalharia o agente. Mediante autorização judicial foram confeccionados documentos falsos com o codinome utilizado pelo policial, criado e-mail profissional e designada uma dupla de agentes para manter sua segurança quando de seus encontros com os integrantes da quadrilha.

DILIGÊNCIAS

O promotor de Justiça Frederico Schneider de Medeiros considerou extremamente exitosa a “Operação Lagarta”, que demonstrou “o nível de maturidade do Ministério Público no campo da investigação criminal”. Ele agradeceu aos agentes que participaram da Força-Tarefa e a Brigada Militar, “que cumpriram dentro da expectativa todas as diligências”. O Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais e Presidente do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), Mauro Henrique Renner, observou a “mudança no perfil da criminalidade existente hoje no País” e destacou a utilização de instrumentos modernos de investigação como “a infiltração de agente, a escuta ambiental, a ação controlada e o seqüestro de bens, que viabilizaram o sucesso da operação”.
(Jorn. Marco Aurélio Nunes)



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