Campanha Máscara Roxa: mulheres vítimas de violência poderão fazer denúncia em farmácias
O enfrentamento à violência contras as mulheres no Rio Grande do Sul é a prioridade da campanha Máscara Roxa, que será lançada em uma live às 10h desta quarta-feira, 10 de junho, com a participação da promotora de Justiça Carla Cabral Lena Souto, da Promotoria Especializada de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Com a iniciativa, mulheres vítimas de violência doméstica poderão denunciar casos de agressões nas farmácias que tiverem o selo “Farmácia Amiga das Mulheres”, durante o período de isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus.
A campanha é uma iniciativa do Comitê Gaúcho ElesPorElas, da ONU Mulheres, e se concretiza a partir de um termo de cooperação assinado por Ministério Público do Rio Grande do Sul, Tribunal de Justiça do RS, Poder Executivo gaúcho, por meio do Departamento de Políticas Públicas para as Mulheres, Polícia Civil e Brigada Militar, Defensoria Pública, ONG Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos, Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), Agência Moove, Grupo RBS e Rede de Farmácias Associadas.
Ao chegar na farmácia a mulher deve pedir a máscara roxa, que é a senha para que o atendente saiba que se trata de um pedido de ajuda. O profissional dirá que o produto está em falta e pegará alguns dados para avisá-la quando chegar. Após, o atendente da farmácia passará à Polícia Civil as informações coletadas, via WhatsApp, para que o órgão tome as medidas necessárias.
Os atendentes receberam capacitação online e estão preparados para o procedimento e para garantir a segurança da vítima. A campanha inicia numa rede voluntária instalada na maioria dos municípios gaúchos, mas está aberta para novas adesões de farmácias interessadas em participar.
AUMENTO DO NÚMERO DE CASOS NA PANDEMIA
A promotora de Justiça Carla Souto destaca que um dos grandes desafios do combate à violência doméstica contra a mulher é incentivá-la a realizar as denúncias. “Isso porque é inegável que um grande número de casos não é trazido ao conhecimento das autoridades e, mais, dos casos registrados, a maioria deles não coincide com a primeira violência sofrida”, afirma. Nesse contexto, já preocupante, conforme a promotora, a pandemia e as medidas de isolamento e distanciamento social ocasionaram, em todo o mundo, aumento considerável de agressões contra a mulher.
Carla Souto salienta que a campanha Máscara Roxa vem suprir uma necessidade urgente: possibilitar que as vítimas denunciem as violências nas farmácias. “Os estabelecimentos foram pensados exatamente por serem de fácil acesso e não suscitarem desconfiança dos agressores, além de sempre ficarem abertos, mesmo nos períodos mais rígidos de isolamento”, explica. A promotora diz ainda que o projeto busca demonstrar às mulheres gaúchas vítimas de violência que elas podem estar isoladas, mas não estão sozinhas.
Em abril, durante o período de isolamento devido à pandemia, o número de casos de feminicídio no Rio Grande do Sul aumentou em 66,7%, em relação ao mesmo mês do ano passado. Neste mês, 10 mulheres foram assassinadas por questões de gênero, enquanto em abril de 2019 seis mulheres foram vítimas de feminicídio, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado.
No Brasil, o número de feminicídios cresceu 22,2% nos meses de março e abril, em 12 estados, em comparação ao mesmo período de 2019, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No ano passado, foram 117 vítimas nesses dois meses. Neste ano, foram 143.
ADESÃO E LANÇAMENTO DA CAMPANHA
Além das farmácias que já estão na campanha, outros estabelecimentos do nicho poderão aderir. O objetivo é envolver também farmácias que não fazem parte de grandes redes, mas que estão em cidades menores. Para isso, serão realizadas mobilizações regionais com gestores municipais, empreendedores da área e representantes de instituições e órgãos que integram o Comitê Gaúcho ElesPorElas.
O lançamento oficial da Campanha Máscara Roxa será nesta quarta-feira, 10 de junho, às 10h, numa live, seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar aglomerações. A transmissão será na página do Comitê Gaúcho ElesPorElas. Para acessar, clique aqui.