MPRS e Polícia Civil desarticulam braço patrimonial de duas células de organização criminosa
Em operação integrada, realizada nesta terça-feira, 19, o Ministério Público do Rio Grande do Sul e a Polícia Civil deflagraram a operação Magna Ópera contra uma organização criminosa sediada no Rio Grande do Sul. O objetivo da ação é o combate ao crime de lavagem de dinheiro decorrente do tráfico de drogas em larga escala, além da desarticulação dos braços financeiros de duas abastadas células da facção.
Pelo menos 10 suspeitos foram presos, entre eles um dos líderes de uma das células. Ele foi detido em flagrante, em uma mansão em Novo Hamburgo, por porte ilegal de arma e por descumprir prisão domiciliar pelo estado catarinense.
A investigação contou com participação do Núcleo de Inteligência do Ministério Público, coordenado pelo promotor de Justiça Marcelo Tubino Vieira, e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRS), por meio do Núcleo de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro, com a coordenação do promotor de Justiça Diego Rosito de Vilas.
O promotor ressaltou que “é de fundamental importância para o combate a este tipo de criminalidade a descapitalização dessas facções, que acabam angariando um expressivo patrimônio a partir de práticas criminosas, sobretudo do tráfico de drogas, sendo necessária a atuação voltada à indisponibilização destes ativos financeiros, e reverter isso em prol do Estado”.
Em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça, o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles, sublinhou também que o resultado se dá em consequência da relevante integração operacional do Ministério Público com a Polícia Civil, especialmente no combate ao crime organizado. “Atuando juntos desde o início, passo a passo”, concluiu Dornelles.
A Polícia Civil atuou por meio das Delegacias de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro, DRLD/GIE e DRLD/Denarc, coordenadas pelos delegados Adriano Nonnenmacher e Filipe Bringhenti, respectivamente.
Para viabilizar a ação, foram acionados, além da equipe do Gaeco, mais de 200 policiais civis gaúchos, três equipes da Deic da Polícia Civil de Santa Catarina e equipes de apoio da DPRI de Montenegro, Core/DPM e DP de Capão da Canoa, distribuídos em 70 viaturas. Os números são o resultado do trabalho desenvolvido em duas investigações distintas que visaram descapitalizar duas diferentes lideranças.
As cidades abrangidas pela operação foram São Leopoldo, Novo Hamburgo, Estância Velha, Capão da Canoa, Guaíba e Viamão, no Rio Grande do Sul, e os municípios catarinenses de Itapema e Camboriú.
A ação visou principalmente ao cumprimento de mandados de busca, indisponibilidade de bens imóveis, veículos e ativos financeiros espalhados pelo Estado e em todo o Brasil, tudo pertencente a uma organização criminosa que possui suas lideranças principais sediadas no Vale do Sinos. A lavagem de capitais, segundo a investigação, se dava através de uma rede de operadores financeiros, empresas, laranjas, entre outros meios.
As investigações, que levaram em torno de dois anos, empregaram métodos como o uso de ferramentas tecnológicas de análises contábeis, documental, estudo de procedimentos policiais e judiciais, provas testemunhais e trabalho de campo. Com isso, foi possível elucidar e comprovar uma rede complexa de lavagem de dinheiro e, nessa terça-feira, atacar o pulmão financeiro dos investigados.
Somando as ordens judiciais deferidas, a operação deu cumprimento a 341 medidas, entre elas 138 quebras de sigilos bancário, fiscais e bursátil – relativo a bolsas de valores –; 60 mandados de buscas; bloqueio de contas bancárias de 41 investigados, e indisponibilidade de 29 bens imóveis e 23 veículos.
O total de bens indisponibilizados chega a R$ 16.129.327,00.
Dois dos alvos possuem antecedentes criminais em grandes roubos nos anos 1990/2000, homicídios e tráfico de drogas, sendo um deles chefe de uma das células. Ambos são considerados de alta periculosidade, com extremo poderio econômico, proprietários de empresas, bem como apontados como integrantes da segunda geração de fundadores da facção, responsáveis pela sua alta especialização no decorrer das últimas duas décadas. Ainda, operam uma rede de tráfico de drogas, além de realizarem os crimes de lavagem de dinheiro.
Algumas empresas também estão sob investigação, suspeitas de participação nos crimes de lavagem de dinheiro para a organização, e foram alvos de buscas nesta terça-feira, totalizando 69 pessoas físicas e jurídicas.
A segunda célula atacada é liderada por um homem de 36 anos, criminoso que se dedicava ao tráfico de drogas e à prática de homicídios em menor escala até ingressar nesta facção, ascendendo na organização criminosa. Atualmente, além de possuir grande patrimônio registrado em nome de laranjas, reside em uma residência de condomínio de luxo em Porto Alegre avaliada em cerca de R$ 3.000.000,00.
Diligências realizadas pelo Ministério Público, ao longo da investigação, também contaram com o apoio da Brigada Militar, inclusive para a localização de foragidos vinculados aos investigados.