Pai e filho que mataram duas pessoas para encobrir estupro de criança são condenados a 40 anos de prisão
Em sessão do Tribunal do Júri de São Valentim ocorrida nesta quarta-feira, 27, foram condenados a 40 anos de prisão em regime fechado um homem de 30 anos e seu pai, de 59 anos, pela morte de um homem e uma mulher, ocorridas em maio de 2016 em um dos municípios da Comarca. O crime envolve também o estupro de uma criança.
O corpo de jurados acatou, na íntegra, as teses do Ministério Público, defendidas pelo promotor de Justiça Adriano Luís de Araújo, de que o homicídio da mulher foi cometido por motivo torpe, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, na forma de feminicídio e para assegurar a ocultação e a impunidade de outro crime (o estupro de vulnerável). Um dos réus também foi condenado pela ocultação do cadáver da mulher.
No mesmo sentido foi a condenação dos réus pela morte de um homem, executado por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
O crime de feminicídio foi planejado pelo réu mais velho, em razão de que a vítima, sua nora, descobriu que ele havia estuprado sua filha (e, portanto, neta do réu), à época com 07 anos. O homem já foi condenado pelo estupro e a sentença transitou em julgado. No entanto, quem executou o feminicídio foi o outro réu, filho do mandante, marido da vítima e pai da criança que sofreu o estupro.
O CASO
Os crimes aconteceram em uma cidade na região norte do Estado, em maio de 2016. Por volta das 17h, o companheiro da vítima a convidou para passear em seu carro e a levou até uma localidade na zona rural da cidade, quando a mandou descer do automóvel e a matou com um tiro na cabeça. A arma utilizada para o feminicídio foi emprestada pelo pai dele, interessado na morte da nora para que ela não o denunciasse por ter estuprado a própria neta.
Logo depois, por volta das 18h, o réu mais novo foi até a casa de um homem do qual desconfiava que mantivesse relacionamento extraconjugal com sua esposa, que recém havia matado. Ele chamou a vítima para fora do local e efetuou vários disparos, um deles acertando a cabeça do homem, que morreu na hora.
Na sentença, ficou evidenciado que o executor das mortes sabia que o pai havia abusado sexualmente de sua filha e, mesmo assim, aceitou a arma e a ajuda dele para matar a mãe da menina.