MP desvenda fraude em indenizações cometida contra a Carris
A Promotoria de Justiça Especializada Criminal e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado Núcleo Capital – Gaeco – cumprem, na manhã desta quarta-feira, 09, mandados de busca e apreensão e sequestro de bens contra um falsário que cometeu uma fraude superior a R$ 1,7 milhão na Companhia Carris Porto-Alegrense. Os mandados são cumpridos com apoio da Brigada Militar. Haverá coletiva de imprensa às 10h, no auditório da sede do MP da Santana, nº 440.
Conforme as investigações, coordenadas pelo promotor de Justiça Flávio Duarte, ainda em 1996, um ex-funcionário da Carris fez uma carteira de identidade falsa em Santa Catarina em nome de uma pessoa que havia falecido em 1961. Com essa documentação, além de comprar automóveis e abrir contas em bancos, ele figurou como acidentado e beneficiário direto de indenização paga pela Carris, ocasião em que recebeu diretamente mais de R$ 365 mil. Depois, o falsário passou à condição de advogado, com número de inscrição na OAB de uma pessoa já falecido, de diversas ações indenizatórias em nome de vítimas por ele inventadas. Os cheques de pagamento das indenizações das ações artificiais foram endossados para ele.
A fraude ocorreu entre agosto de 2015 e janeiro de 2017. A investigação foi instaurada a partir do recebimento de notícia-crime apresentada pela atual administração da Carris sobre os desvios, relativos a pagamentos de acordos e condenações judiciais fictícios, com a utilização de documentos falsos. Em uma das ações, o suposto beneficiário estava morto 12 anos antes de o acidente que gerou a indenização ocorrer. Em outro caso, foi forjado um documento como sendo oriundo do Tribunal de Justiça do Estado, com logotipo, número de processo e nome falsos.
As investigações dão conta que mais de R$ 100 mil foram aplicados apenas em joias; além disso, os valores das indenizações foram utilizados na compra de veículos, em depósitos para parentes e conhecidos, além de doações para campanhas eleitorais em nome da pessoa falecida em 1961 e por intermédio de terceiros. O MP investiga a participação de outras pessoas que integravam a administração da Carris na época.