MP obtém a condenação de homem que matou adolescente por não gostar da marca do celular entregue em assalto
O Tribunal do Júri de Alvorada condenou o réu Diego Charão Peres a 44 anos e quatro meses de prisão em regime inicial fechado pelos crimes de roubo, homicídio consumado e homicídio tentado. O promotor de Justiça Criminal Marcelo Tubino Vieira representou o MP na sessão de julgamento.
O corpo de jurados acolheu integralmente a denúncia do Ministério Público, que defendeu, também, a presença de duas qualificadoras (motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima). Conforme a denúncia, o crime aconteceu no fim da tarde de 16 de junho de 2015, no bairro Água Viva, em Alvorada.
O CRIME
Os amigos Henrique Frediani dos Santos de Oliveira e Gabriel Leiria Trombetta, ambos com 15 anos de idade na época do fato, voltavam da padaria quando foram abordados pelo réu. Diego Charão Peres, que portava uma arma de fogo, anunciou o assalto e exigiu os telefones celulares dos rapazes. Posteriormente, em depoimento, Henrique contou que disse ao réu que não tinha celular, enquanto Gabriel entregou o aparelho. Nesse momento, Diego teria olhado o telefone e dito algo como “que porcaria, não serve pra nada”, quando então sacou a arma e atirou. O pai de Henrique, que estava na mesma padaria, ouviu os tirou, correu e viu o filho ferido. Gabriel já estava morto. O réu foi preso dias depois e sempre negou o crime.
MINISTÉRIO PÚBLICO RECEBE AS FAMÍLIAS DEPOIS DE OBTER A CONDENAÇÃO
As famílias, tanto do réu quanto das vítimas, acompanharam o júri, que aconteceu nesta quarta-feira, 28, em Alvorada. Depois de proferida a sentença, o promotor de Justiça Marcelo Tubino Vieira conversou com os pais das vítimas. Valdecir Antônio Trombetta, pai de Gabriel, disse que “sente até um pouco de alívio, porque, até então, estava difícil. A gente não sabia o que iria acontecer. O Gabi não volta mais, mas já pensou daqui há uns dias eu dar de cara com ele aí. Então ele que fique lá, no lugar dele, e deixe a gente aqui, a gente trabalhar”. A mãe de Gabriel, Marlene Leiria, também disse que se sente aliviada “Eu adorei quando o senhor disse que pessoas como essa tem que ficar presas, é o que eu acho, tem que ficar presa, não tem que ficar no meio de nós. Precisamos sentir que a Justiça foi feita e estamos sentindo”, disse Marlene. Henrique, hoje com 18 anos, também conversou com o promotor. “A justiça tarda, mas não falha”, disse o amigo de Gabriel, hoje recuperado do ferimento.
O promotor Marcelo Tubino Vieira explicou que decidiu chamar as famílias depois do resultado porque o fato cometido foi extremamente grave, cometido à luz do dia, “fatos como esse é o que nos traz o sentimento da violência explícita urbana. O que traz medo à população são fatos dessa natureza”. Tubino ressaltou, ainda, que, no julgamento, ficou bem definido e delimitado que o Ministério Público não é uma figura meramente encarceradora, embora precise exercer esse papel importante de segregar aquelas pessoas extremamente perigosas.
“Ouvindo as famílias, após o resultado, nós conseguimos mostrar, de fato, que essa conduta do MP vem não só em proteção a eles, mas também a toda a sociedade. Eles nos procuraram nesse período, o processo demorou para essas pessoas, foram três anos, algumas audiências não saíram, não por culpa do Judiciário ou do MP, mas o importante é que durante esse período o réu permaneceu preso e continuará preso. Sabemos que nada pode trazer a vida do Gabriel de volta, mas estar próximo aos familiares também é nosso papel”, concluiu o promotor.