MP denuncia integrantes de facção responsável por crimes em Porto Alegre e região metropolitana
O Ministério Público, através do projeto-piloto da Promotoria de Justiça Especializada no Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa, apresentou à Justiça de Cachoeirinha, no último dia 23 de janeiro, denúncia contra oito integrantes da facção conhecida como “Os Abertos” pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Entre os denunciados está André da Silva Dutra, conhecido como “Gordo Dé”, um dos chefes da facção, atualmente recolhido ao sistema carcerário na Cadeia Pública de Porto Alegre, antigo Presídio Central, e sua companheira, atualmente em prisão domiciliar.
Segundo a investigação feita pela equipe da Delegacia de Polícia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro, os denunciados promoveram e integraram pessoalmente organização criminosa, autodenominada “Os Abertos”, com a finalidade de obter, direta e indiretamente, vantagem econômica, mediante a prática dos delitos de tráfico de drogas e roubos de veículos, bem como lavagem de dinheiro obtido com os crimes.
André da Silva Dutra era o chefe da organização e se mantinha acima dos demais na hierarquia, porém oculto nas atividades criminosas desenvolvidas, associando-se a outras pessoas também denunciadas que, abaixo dele, também exerciam funções de comando e repassavam suas ordens para os demais integrantes da organização. O grupo atuava predominantemente na zona norte de Porto Alegre e na Vila Timbaúva.
“Gordo Dé” comandava o tráfico de drogas do interior da Cadeia Pública de Porto Alegre, onde é “Plantão” ou “Patrão” da 2ª galeria localizada no pavilhão D, local destinado aos presos pertencentes à facção “Os Abertos”. É protagonista de diversos homicídios praticados, tanto em Porto Alegre quanto na região metropolitana, sendo o autor intelectual de crimes, tendo determinado as execuções em nome da proteção de seus pontos de venda de drogas, visando a expandir a facção, além de assegurar a manutenção dessas áreas, assumindo, assim, o domínio de outras “bocas de fumo”.
Para lavar o dinheiro recebido com as práticas criminosas, os denunciados usaram “laranjas” para adquirir imóveis e veículos. Foi através da transação para compra de um carro de luxo que o grupo foi identificado. “Gordo Dé” articulou de dentro da cadeia para que a mulher de outro preso (que está entre as oito pessoas denunciadas) emprestasse o nome para registro do veículo e procurasse a Polícia Civil para dar entrada nos procedimentos administrativos para blindagem do automóvel, visando a não despertar atenção do poder público sobre o real proprietário, que era ele. A “laranja” foi reconhecida pelos policiais que logo depois comprovaram que o veículo era de fato usado pela mulher do “Gordo Dé”, conforme imagem feita pela investigação que a flagrou chegando à Cadeia Pública para visitar o marido dirigindo o veículo.
A organização criminosa também lavava o dinheiro adquirindo imóveis, entre eles uma casa de luxo em Cachoeirinha. Na denúncia, o Ministério Público solicita, também, o perdimento dos bens e valores apreendidos e que estes sejam revertidos ao Estado do Rio Grande do Sul, mais especificamente à Polícia Civil.
O promotor do projeto-piloto da Promotoria de Justiça Especializada no Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa Marcelo Tubino ressalta a importância do trabalho conjunto com a Promotoria de Justiça de Cachoeirinha e com a Polícia Civil. “A polícia civil, especialmente a Delegacia de Lavagem, tem produzido bons casos. Estamos focando nesse momento nas facções criminosas, reduzindo o capital dessas organizações para evitar que continuem reproduzindo violência”, destacou o promotor.