Acusado de matar mulher a facadas em Palmeira das Missões é condenado
O réu Luíz Zuliani, acusado de matar a mulher com quem mantinha uma relação extraconjugal em Palmeira das Missões, em agosto de 2007, foi condenado na última terça-feira, 15, à pena de 17 anos de prisão. O crime, segundo a denúncia do Ministério Público, foi cometido pelo fato de a vítima, Doris Simon Caureo, de 51 anos, querer o fim do relacionamento com o homem. Ele poderá recorrer em liberdade.
O assassinato foi cometido na manhã de 15 de agosto de 2007, porém o corpo de Doris Caureo, que era viúva, foi encontrado apenas no dia seguinte em sua casa, caído em uma cama sob uma toalha e um cobertor com perfurações de arma branca. Segundo a acusação, o réu manteve longo relacionamento extraconjugal com Doris Caureo, recebendo dela, inclusive, empréstimos financeiros. Pouco antes do crime, a vítima vinha manifestando interesse em romper o contato e se relacionar com outro homem. Inconformado com a situação, Zuliani foi até a residência de Doris e golpeou a vítima com duas facadas, além de atacá-la com um corte profundo no pescoço, que provocaram sua morte.
O veículo de Doris Caureo foi localizado a 27 quilômetros de Palmeira das Missões, abandonado em uma estrada no interior do município de Novo Barreiro, fechado e com as chaves de sua residência no interior. De acordo com o promotor de Justiça Marcos Rauber, não houve testemunhas do fato e, na época, as perícias realizadas não apresentaram resultados conclusivos. O acusado negou participação no crime, alegando que estava trabalhando no Parque de Máquinas da Prefeitura de São Pedro das Missões, como vigilante.
Em abril de 2009, após complexa investigação policial que desenvolveu diversas linhas investigativas e diante dos elementos colhidos no inquérito, inclusive da não comprovação do álibi do réu, o Ministério Público ofereceu denúncia por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima) contra Luíz Zuliani. Em Plenário, o promotor Marcos Rauber sustentou que o acusado tinha habilidades especiais compatíveis com o modus operandi do crime, pois realizava abates de gado, além de possuir motivos concretos para cometer o assassinato.
ARGUMENTO DECISIVO
Um dos principais argumentos da acusação, referido apenas na réplica do julgamento, foi o de que o cadáver de Doris Caureo havia sido cuidadosamente coberto pelo homicida. “O gesto revela o perfil psicológico de um criminoso que mantinha vínculo afetivo e intimidade com a vítima, condição exclusiva de Zuliani, não compartilhada pelos demais suspeitos investigados pela Polícia Civil”, explica Marcos Rauber. Para embasar tal sustentação, o Promotor fez referência a casos investigados pela polícia americana, nos quais a mesma circunstância levou à identificação de homicidas como sendo pessoas próximas à vitima.
POSSÍVEL PARTICIPAÇÃO DE TERCEIROS
Durante sua sustentação, o Promotor desafiou o réu e a comunidade local a fornecer informações ao Ministério Público que permitam eventual continuidade das investigações em relação a outros envolvidos. “As portas da Promotoria estão abertas, queremos saber toda a verdade e, se necessário, vamos reabrir as investigações para que todos aqueles que tenham, de qualquer modo, concorrido para a morte de Doris sejam trazidos ao Tribunal do Júri e condenados”, disse Rauber durante o júri.