Açougueiro que matou e esquartejou ex-companheira é condenado na Fronteira Oeste
Após mais de 18 horas de julgamento, chegou ao fim na madrugada desta quarta-feira, 29, o julgamento de um dos casos mais rumorosos da história de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste. O açougueiro Edson Reina, o Xirica, foi condenado à pena de 21 anos de prisão em regime fechado pela morte da professora Deise Charopen Belmonte, sua ex-companheira, ocorrida em 1998. O promotor de Justiça José Eduardo Gonçalves representou o Ministério Público em plenário. O crime brutal chocou a comunidade local e ganhou repercussão em nível nacional. O corpo da vítima foi esquartejado e distribuído em vários sacos plásticos, encontrados próximos a um lixão na BR-293, que liga o município a Quaraí.
Em plenário, durante acalorados debates com a defesa, o Promotor desconstruiu, um a um, os álibis do réu. “Disse que na noite do crime estava com uma prostituta que nunca foi encontrada e, após o fato, lavou o carro tentando eliminar as marcas de sangue”. Segundo ele, o crime foi cometido porque Edson Reina não aceitava o fim do relacionamento com a vítima. José Eduardo Gonçalves também apontou o perfil passional do réu, comprovado por laudo psicológico, e disse que antes do assassinato ele agrediu Deise Belmonte por diversas vezes. “Quem tinha mais motivos que ele pra cometer o crime? Quem é inocente não teme, não cria álibis que não pode comprovar. Esse homem desossou a vítima como se fosse um boi”, frisou.
Em outro momento de sua fala, o Promotor disse que nunca, nos 12 anos desde o assassinato, o réu trouxe uma linha de possibilidade de investigação em que não fosse ele o autor do crime. Por fim, dirigindo-se aos jurados, José Eduardo Gonçalves disse não ser um Promotor perseguidor. “Não tenho esse perfil. Procurei fazer tudo que era possível dentro da convicção que tenho de que foi ele o autor do homicídio. A condenação desse homem é uma vitória da sociedade”, finalizou.
TERCEIRO JULGAMENTO
Esta foi a terceira vez que Edson Reina sentou no banco dos réus. No primeiro deles, em 2000, ele foi condenado a 28 anos de prisão, porém o júri foi anulado a pedido da defesa. Mais tarde, em 2003, foi condenado novamente por ocultação de cadáver. O MP recorreu e foi marcado um novo julgamento. Na época em liberdade, Xirica fugiu para o exterior. Foi capturado pela Interpol no Chile em 2009 e extraditado para o Brasil no ano passado. Desde então aguardou pelo júri popular recolhido na Penitenciária de Santana do Livramento.