MP participa da formatura de líderes comunitários na Vila Bom Jesus
“Ação coletiva, cultura construtiva. Justiça do futuro, quebrando paradigmas. Coletivo consciente, com ideias pra frente. Uma outra visão, outra ideia, outra mente”. Os versos fazem parte de uma canção composta por quatro dos 35 formandos de um curso de líderes comunitários na Vila Bom Jesus, em Porto Alegre. Na opinião da promotora de Justiça Ana Cristina Petrucci, que representou o MP na solenidade, realizada nesta sexta-feira, 6, na Escola Municipal Nossa Senhora de Fátima, resumem o trabalho que eles desempenharão a partir de agora. A iniciativa integra o projeto Justiça Juvenil Restaurativa na Comunidade e objetiva que os formandos atuem na resolução de conflitos infracionários na região. O grupo é formado por guardas municipais, professores e agentes públicos e privados, entre outros profissionais.
A Justiça Restaurativa é apontada como um dos modelos mais eficientes para a resolução de conflitos, firmado em valores. A solução valoriza a figura da vítima, colocando frente a frente as pessoas lesadas e os ofensores. Assim, todos participam ativamente na resolução das questões oriundas desses conflitos, geralmente com técnicas de mediação, conciliação e transação para alcançar o resultado restaurativo, com o objetivo de promover a reintegração social da vítima e do infrator. A ONU recomenda a adoção do método pelos países, por ser indicado como um dos sistemas mais eficientes.
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NA PRÓPRIA COMUNIDADE
Durante a solenidade, Ana Cristina Petrucci disse que todos devem buscar uma justiça que olhe para o futuro e mude a vida das pessoas. Conforme a Promotora, “a justiça restaurativa dá poderes à comunidade para resolver seus conflitos. Que este projeto possa ser espalhado por todo o Rio Grande do Sul e pelo Brasil”, desejou. A representante do MP também frisou que, ao longo do tempo, foi possível perceber que a punição unicamente através do modelo tradicional de condenação dos culpados não era mais capaz de responder à solução dos problemas.
A opinião é compartilhada pelo frei Luciano Bruxel, diretor do Centro de Promoção da Criança e do Adolescente (CPCA), entidade parceira do MP no projeto de formação de líderes comunitários. “Precisamos achar soluções de responsabilização nas quais família, comunidade e a própria vítima estejam envolvidas”, destacou. Bruxel também recomendou aos formandos que eles continuem “estudando bastante, buscando compreender a cultura da justiça restaurativa”.