Orquestra de Câmara Jovem recebe palhaço do Cirque du Soleil no Memorial do MP
Desta vez, o palhaço não vestiu fantasia. Mesmo assim, encantou a garotada que integra a Orquestra de Câmara Jovem do Rio Grande do Sul ao ensinar uma lição importantíssima para os jovens artistas: para prosseguir na carreira é preciso batalhar.
Por alguns momentos, os 32 meninos e meninas da Orquestra acomodaram os instrumentos e ficaram em silêncio para ouvir o recado que Fábio Espósito, paulista, palhaço do Cirque du Soleil e membro do elenco do espetáculo Quidam, tinha para dar. O encontro aconteceu no espaço de ensaios da Orquestra, no Memorial do Ministério Público, na tarde dessa quarta-feira, 12.
Fábio contou aos garotos a trajetória que o levou a uma das maiores empresas de entretenimento do mundo. “Comecei fazendo teatro, porque achava uma menina bonita. E comecei a gostar muito daquilo. Além disso, o teatro me fez melhorar muito, especialmente na escola”, contou o artista, que fez o primeiro espetáculo aos 10 anos. Formou-se em Direito, mas optou pela carreira artística. Após duas audições para integrar o Cirque du Soleil, ingressou no elenco aos 35 anos de idade. Morou em Montreal, no Canadá, e em Las Vegas, nos Estados Unidos, até voltar para o Brasil. “O artista é naturalmente inquieto. E essa inquietação é necessária porque a vida de artista é muito difícil. É preciso batalhar muito”, disse.
Com olhos atentos, os jovens músicos absorveram cada palavra, mas a principal lição foi: apesar das dificuldades que devem surgir, inerentes a essa carreira, deve haver persistência e muito estudo. “Sei que preciso batalhar. Quero entrar para uma orquestra profissional e estudar no exterior”, diz a garota Angelis Lima, de 12 anos.
Na opinião de Fábio Espósito, a recompensa que existe ao final de cada espetáculo é o grande motivador dessa caminhada. “Vocês já sentiram que saem cansados ao final de uma apresentação? É porque depositamos um esforço físico e emocional muito grande diante da plateia. É uma energia muito forte, e os aplausos, ao final, mostram que aquilo vale a pena”.
A jovem Isadora Gehres, de 12 anos, começou a vida artística há pouco mais de seis meses, mas já compartilha do mesmo sentimento: “Estar no palco é muito emocionante”. E se diz pronta para a batalha. Nos planos está cursar uma faculdade de música e se tornar violoncelista profissional.
Para chegar lá os garotos sabem que não podem parar de estudar. E o recado foi dado pelo palhaço: “Tem gente que fala que arte é um reduto daqueles que não querem estudar. Mas é preciso conhecer muito. O conhecimento artístico, independente de vocês serem grandes músicos, fará de vocês grandes pessoas”, disse Fábio.
A supervisora do Memorial do MP, promotora Mauren Jardim Gomes, ressaltou a importância da formação artística para desenvolvimento pessoal, mas destacou a importância de não deixar os estudos de lado. Conforme o maestro da Orquestra de Câmara Jovem, Telmo Jaconi, o objetivo do bate-papo foi “mostrar quem é o artista por trás da fantasia, porque todos representamos, mas além da representação existe um ser humano com uma história de vida cheia de luta”.