Ação busca conscientizar crianças e adolescentes sobre consumismo
As crianças brasileiras influenciam 80% das decisões de compra de uma família, segundo pesquisa feita pelo TNS/InterScience. Entre as principais causas deste cenário está a permanente exposição da garotada a ações e campanhas que estimulam o consumo de forma inconsequente. O impacto é potencializado pelo tempo que as crianças e adolescentes passam na frente da TV. São, em média, duas horas por dia, segundo pesquisa do IBGE, feita em 2009. A Organização Mundial da Saúde recomenda que este tempo não ultrapasse uma hora diariamente.
Entre as consequências do consumismo exacerbado estão a obesidade infantil, a erotização precoce, a violência urbana decorrente da busca por produtos caros e a diminuição de brincadeiras criativas, que são fundamentais para o desenvolvimento das crianças.
No cerne do problema estão os valores repassados às crianças e jovens. A coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Consumidor, promotora Têmis Limberger, considera que “enquanto a sociedade de consumo exalta o “ter” é preciso resgatar valores do “ser”, ou seja, que fortaleçam a dignidade da pessoa humana”.
O TRABALHO DO MP
Com o objetivo de ampliar o debate e provocar uma visão crítica sobre o tema, ele está desenvolvendo o Projeto Consumidor Consciente. Na próxima segunda-feira, 15, Dia Mundial do Consumidor, será realizado um seminário, onde especialistas e alunos de 4ª série da Escola Estadual Apeles farão um bate-papo sobre o assunto. O evento acontecerá a partir das 13h30min no Palácio do Ministério Público. A ação é uma iniciativa do Centro de Apoio Operacional do Consumidor, com colaboração do Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude.
No mesmo dia, acontecerá a premiação de um concurso de redações com o tema “consumo consciente”. Os textos foram produzidos pelas crianças ao longo do mês de março. As produções selecionadas serão lidas ao final dos debates para entrega dos prêmios aos alunos vencedores.
A ideia é estimular os jovens a questionarem o consumo excessivo e o valor que é dado aos bens materiais em detrimento de outros valores, como ética e dignidade. Na avaliação da Promotora, a problemática deve ser objeto de conversas permanentes nos ambientes frequentados por crianças e adolescentes. "Hoje, vende-se a ideia equivocada de que a felicidade se compra em shopping center. Esta reflexão é papel da família, da escola e também do Ministério Público", completa Têmis Limberger.