Militares no júri acusados pela morte de jovens
Um crime cometido por policiais militares na véspera do Natal de 2001 e que chocou a opinião pública, será julgado nesta segunda-feira, 14, no plenário da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Porto Alegre. O coronel da Brigada Militar Edson Ferreira Alves estará no banco dos réus para responder pelas mortes de dois acusados pela execução da PM Carina Rodrigues Macedo, 28 anos, que estava à paisana e servia no 11º BPM. Ela levou um tiro na nuca após a recusa de entregar sua bolsa à dupla, que assaltou o coletivo da Linha T-1 da empresa Carris, nas proximidades da avenida Cristiano Fischer, Zona Norte da Capital. Na mesma sessão também será julgado o major Arlindo Filadelfo Alves de Araújo Rego.
Edson Alves foi quem determinou a invasão da Vila Bom Jesus, na madrugada de 22 de dezembro, para buscar os assassinos de Carina. Cerca de 100 PMs entraram na vila, invadindo casas e barracos, até identificarem Edson Pinheiro Dias, o Raspadinha, e Jeferson Pinheiro Dias, o Mascotinho, como os matadores da brigadiana. Ambos foram executados com vários tiros. A defesa dos militares será feita pelo advogado Oswaldo de Lia Pires. O Ministério Público será representado no plenário pelo promotor de Justiça Eugênio Paes Amorim.
Foram pronunciados 16 militares. Como o processo tem 11 volumes, foi atendido pedido das defesas de cisão dos julgamentos, com várias datas já marcadas até meados de 2010. O Promotor de Justiça não quis antecipar sua tese. Segundo testemunhas, os jovens teriam sido retirados da casa por quatro PMs e fuzilados no pátio. O coronel Edson Alves, que está sendo acusado de dolo eventual por determinar a invasão e assumir o risco da entrada da BM à vila, não esteve no local da operação. O major Arlindo Rego é acusado de desferir tiros contra a dupla que morava na Vila Bom Jesus.