Evento aborda o uso das drogas
“É preciso fazer os usuários entenderem o ponto de vista legal e dizer que, além de toda educação, tratamento e prevenção, se você for pego com a droga vai ter uma consequência”. Esta é, para o coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal, Fabiano Dallazen, a principal forma de intimidar e combater o crescente avanço das drogas. O assunto foi abordado no evento "Da Repressão ao Tratamento", realizado nesta quinta-feira, 28, no Palácio do Ministério Público.
Apesar de ser voltado para as drogas em geral, os profissionais e especialistas das áreas jurídica e médica focaram suas palestras no crack, a droga mais usada atualmente e com consequências praticamente irreversíveis. Os recentes casos de violência divulgados pela imprensa tendo como origem a necessidade de utilização da droga serviram como base para os argumentos apresentados no evento.
Para Dallazen, existem duas maneiras de tentar vencer a luta contra o crack: prevenir por meio da educação e reprimir usando as estatísticas que demonstram a difícil reversão. “De todas as drogas conhecidas, está comprovado cientificamente que o crack é a que tem a consequência mais devastadora”, disse o Promotor de Justiça.
O delegado de Polícia do Departamento de Investigações sobre Narcóticos, Roberto Leite Pimentel, ressaltou o trabalho do Denarc e afirmou que a área de repressão carece de recursos. “A Polícia atravessa um bom momento no Estado e está buscando recursos e efetivo para intensificar a luta contra as drogas”, frisou.
PAPEL DOS PAIS
A fragilidade na estrutura familiar é outro problema que impulsiona grande parte dos usuários para as drogas. Na opinião da psiquiatra Isabel Suano a ausência de limites é um vilão na história. “Os pais precisam falar mais “não” para os seus filhos”, enfatizou.
Isabel alertou que é preciso refletir o porquê do uso do crack, buscar as falhas e os motivos que levam as pessoas a se condenarem à morte. “Ninguém dorme bem e acorda usando crack. Nós precisamos enxergar a falta de pais, o papel da mídia e a sociedade permissiva. A lei do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço não vale mais”.
PROJETO ALQUIMIA
O Projeto Alquimia, em parceria com o Centro Social Marista, Cesmar, consiste na transformação de componentes utilizados em máquinas “caça-níqueis”, apreendidas em operações desencadeadas pela Força-Tarefa Bingos do Ministério Público e pela Polícia Civil, em equipamentos de informática.
O promotor de Justiça Fábio Costa Pereira, que atuou na Força-Tarefa Bingos do MP, ressaltou a importância do trabalho na vida das pessoas que estão no processo de desintoxicação. “Utilizando a mão-de-obra deles mostramos outra qualidade que nem imaginavam que possuíam". Costa Pereira mencionou pessoas que são exemplos do recomeço e que foram amparados pelo Projeto Alquimia. “É possível sim mudar e eu sou uma dessas pessoas que acredita na recuperação”. Com o projeto, além do reaproveitamento e da reciclagem de bens, também acontece o resgate social, já que em todo o processo atuam jovens de comunidades em situação de risco.