No júri, mulher que "picou" marido
Um crime traiçoeiro será julgado pela terceira vez nesta quarta-feira, 17, a partir das 9h, na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Porto Alegre. No banco dos réus estará sentada Gislaine Orrigo Souza Mendes, que após matar o marido Aridemar Souza Mendes com golpes de martelo e esquartejar seu corpo, ficou conhecida como “Gislaine Picadinho”. O assassinato foi cometido com muita frieza na madrugada de 21 de dezembro de 2004, no bairro Partenon. No plenário, o promotor de Justiça Luís Antônio Portela representará o Ministério Público sustentando a denúncia contra a ré.
Gislaine, que se encontra recolhida no Presídio Feminino Madre Pelletier, foi denunciada “pelo meio cruel empregado e porque agiu com traição”. No primeiro júri popular, ocorrido em maio de 2006, foi condenada a 15 anos e três meses de reclusão pelo homicídio e a dois anos pela destruição e ocultação do cadáver. Contudo, o julgamento foi anulado por uma questão de quesitos. No segundo júri, em abril do ano passado, a ré foi absolvida, mas o Ministério Público recorreu. E o Tribunal de Justiça acabou reconhecendo que a decisão que a absolveu era “manifestamente contrária a prova dos autos”.
O marido estava dormindo quando a mulher aplicou as marteladas. Foi apurado que o homicídio foi praticado com raiva, porque Gislaine queria a separação e seu marido não aceitava. A cabeça, os braços e as pernas do homem foram encontrados num matagal na Lomba do Pinheiro, zona Leste da Capital. As partes do corpo estavam dentro de um saco plástico de lixo e foram localizadas por um morador das proximidades, que passava pelo local na companhia de seu cachorro.
Alertado pelos latidos do cão, o morador resolveu abrir o volume e se deparou com dois calcanhares. Apavorado, avisou a Brigada Militar. Outras partes do corpo de Aridemar foram enterradas no quintal e em sacos de viagem acondicionados na cozinha da casa situada na rua Machado de Assis 308, bairro Partenon.
Gislaine, autora confessa do crime, disse que matou o marido assim que acordou, às 3h da madrugada. Depois de golpeá-lo diversas vezes na cabeça com um martelo que estava ao lado da cama, começou a esquartejá-lo. As partes do corpo foram acondicionadas em sacos plásticos de lixo que teve de comprar no supermercado.
A mulher alega que o marido era violento e não queria que ela estudasse. Mas o promotor Portela, no primeiro julgamento, baseado em depoimentos de testemunhas, provou aos jurados que ao contrário do que Gislaine diz, Aridemar não era um homem violento e até ajudou financeiramente sua algoz pagando a matrícula de um curso pré-vestibular.