"Compadrio" prende traficantes
O tráfico de entorpecentes na região noroeste do Estado recebeu um duro golpe na manhã desta quinta-feira. A “Operação Compadrio”, organizada pela Promotoria Especializada Criminal da Capital tirou de circulação uma quadrilha que há tempo agia em cidades daquela zona do Rio Grande do Sul. As acusações são de tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e exploração da prostituição.
Agentes da Força-Tarefa do Ministério Público, com apoio da Polícia Rodoviária Federal e Brigada Militar cumprem 14 mandados de prisão e sete de busca e apreensão. Nove prisões preventivas e cinco temporárias estão sendo cumpridas em Júlio de Castilhos, Ijuí, Três Passos, Cruz Alta, Sarandi e Frederico Westphalen.
A base da operação coordenada pelo promotor de Justiça Frederico Schneider de Medeiros foi a cidade de Palmeira das Missões. No total, 45 homens participam da ação desencadeada de forma simultânea. Dois cães labradores também auxiliaram nas buscas de drogas. Quatro implicados já se encontravam recolhidos em cadeias do Interior: um em Ijuí, outro em Três Passos, e dois em Júlio de Castilhos.
O apenado Roberto Carlos Kopeski, trancafiado no presídio de Ijuí, é um dos líderes da quadrilha. De posse de um celular, comandava o tráfico de cocaína de dentro da cadeia. Ele tinha vários contatos, principalmente com os proprietários de um prostíbulo situado à margem da BR-386, em Sarandi.
O promotor de Justiça Frederico Medeiros salienta que com a prisão de Kopeski “os donos do bordel assumiram sua função de abastecer os traficantes da região”. A cocaína era proveniente do Acre, Rondônia e de cidades do Oeste do Paraná. O Ministério Público calcula que a quadrilha movimentava cerca de R$ 100 mil por semana com o comércio da droga.
A investigação da Força-Tarefa durou um ano e meio. A organização criminosa foi monitorada através de interceptação telefônica. Há dois meses os proprietários do prostíbulo chegaram a ser barrados na estrada quando retornavam de Cruz Alta. Eles negociaram com um tradicional traficante da cidade, mas avisada, a Polícia chegou tarde. No carro não foi encontrado droga, mas os tripulantes estavam de posse de R$ 10 mil. Os outros dois detentos que estavam recolhidos no presídio de Júlio de Castilhos foram apanhados em flagrante com mais de um quilo e meio de cocaína, um revólver e uma balança de precisão.
Na operação eclodida às 6h desta quinta-feira e que ainda está em andamento, foi apreendido dois tijolos de pedra de crack e um de pasta de cocaína em um sítio. O responsável pela propriedade fugiu. Os principais lugares de busca e apreensão visitados pelos agentes são o bordel e o sítio localizado na zona rural de Frederico Westphalen. O local era usado como estrutura logística da quadrilha que fazia o armazenamento e posterior distribuição da droga.
A operação do Ministério Público foi batizada de “Compadrio” pela relação de proximidade de um ex-administrador do presídio de Três Passos e agentes penitenciários com os detentos. Aliás, o promotor Frederico Medeiros sublinhou que a quadrilha começou a ser investigada a partir do início do ano passado, após a descoberta de desmandos, privilégios e desvios de gêneros alimentícios da casa prisional, que acabou acarretando no afastamento do então diretor.
Frederico Medeiros disse que a ação foi positiva, mas lamentou a “falência do sistema carcerário brasileiro”. Durante as investigações revela que foi possível verificar que, “infelizmente, detentos têm o poder de gerenciar o tráfico de dentro dos presídios, lugar onde deveriam estar alheio à vida social e ao mundo das drogas, e abastecer traficantes em liberdade”. A Especializada Criminal também contou com o trabalho do promotor Daniel Cozza Bruno, que atua na Promotoria de Justiça de Três Passos.
