Campanha para coibir trotes
Cerca de 70% das ligações para a polícia e bombeiros, por intermédio do telefone 190, são chamadas indevidas ou trotes. No serviço do Disque-Denúncia, através do 181, o número sobe para 82%. Para coibir essa prática, a Secretaria de Segurança Pública está lançando uma campanha visando conscientizar o povo gaúcho para os malefícios provocados pelos trotes. Nesta segunda-feira, 26, durante encontro reunindo o coordenador do Gabinete de Articulação e Gestão Integrada, Jayme Weingartner Neto, a promotora de Justiça Ana Petrucci e o diretor do Departamento de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública, delegado Adalberto Abreu de Oliveira, ficou decidido que o Ministério Público será parceiro da iniciativa. Cartazes serão afixados em todas as Promotorias de Justiça do Interior e nos prédios da Instituição da Capital, alertando para a prática criminosa.
“A população precisa ter em mente que os trotes para o 181 e 190 são extremamente prejudiciais, especialmente porque ocupam linhas telefônicas que deveriam estar sendo utilizadas para coibir graves ocorrências”, explica o delegado Adalberto Abreu de Oliveira. Ele revela que de cada oito ou nove chamadas para o 190, apenas uma é válida. “Já tivemos caso em que uma mesma pessoa efetuou entre 100 e 130 ligações falsas para a polícia no intervalo de apenas 48 horas”. O Delegado ressalta a importância do Disque-Denúncia citando um exemplo recente: “As informações recebidas pelo 181 foram fundamentais para chegarmos ao paradeiro do assaltante de bancos Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio, em Santa Catarina”.
No âmbito do Ministério Público o trabalho para coibir os trotes ao serviço do 190 ocorre desde 2001. Nesse ano, a Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos firmou um termo de ajustamento de conduta com as empresas de telefonia fixas e móveis, através do qual elas se comprometeram a repassar para os órgãos de segurança as listas de clientes identificados pela polícia fazendo ligações indevidas para o 190. Para o promotor de Justiça Renoir Cunha, responsável pelo TAC, “o desrespeito aos serviços de emergência escancara a falta de maturidade sociocultural da população em geral”. Ele classifica como “excelente” a campanha desenvolvida pela Secretaria da Segurança Pública, porém, acredita que será muito grande a dificuldade para vencer a falta de consciência “que deveria sair dos lares e passar pelo aprendizado na escola”.