Fiscalização aponta dificuldades na bilhetagem
Uma grande dificuldade dos idosos ingressarem nos coletivos que dispõem o sistema de bilhetagem eletrônica. A situação foi constatada no horário em que os pontos da Praça XV estavam lotados. Alguns problemas para o usuário passar o cartão da bilhetagem na maneira como está posicionada a máquina também foram flagrados. Estas são as principais questões que prejudicam os idosos na utilização do transporte público e verificadas na fiscalização feita pelo Ministério Público e o Conselho Municipal do Idoso na última segunda-feira, 10.
Para comprovar e tentar mudar essa situação, tanto a Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos quanto o Conselho Municipal do Idoso realizaram uma vistoria em quatro linhas de ônibus de Porto Alegre. O objetivo foi verificar a relação dos idosos com a implantação do sistema de bilhetagem eletrônica. Foi utilizado como critério de escolha linhas com o sentido centro/norte, centro/sul e transversal, que atendem usuários com faixa etária e classe social diversas. A fiscalização teve como foco principal o atendimento direcionado às pessoas acima de 60 anos. No decorrer do trajeto foi observado o acesso dos idosos ao sistema, o respeito com a reserva dos assentos preferenciais e a efetiva disponibilização para a população da terceira idade.
Conforme a promotora Míriam Balestro Floriano, "a inspeção constatou que o cobrador também dificultava o acesso ao ônibus a partir do momento em que permitia a passagem das pessoas pagantes e solicitava que os portadores do cartão TRI aguardassem para serem atendidos posteriormente". Outra situação apontada no transporte coletivo com bilhetagem foi a questão dos assentos disponíveis à terceira idade na parte traseira do ônibus. Quando o veículo está lotado os idosos não conseguem chegar a tempo até os assentos preferenciais e, quando chegam, já estão ocupados.
Segundo relatório feito pelo Conselho Municipal do Idoso, durante o período de espera do ônibus não havia nenhum representante dos órgãos de segurança nas proximidades do ponto, assim como também havia ausência dos fiscais da Empresa Pública de Transporte e Circulação. Foi confirmada, ainda, a falta de identificação dos bancos preferenciais por parte dos usuários comuns que acabavam ocupando esses assentos.
Para Míriam Balestro, algumas modificações como "a mudança do local do dispositivo desbloqueador, o treinamento adequado para os que trabalham no transporte e campanha de educação para os usuários", poderão tornar o atendimento ágil, eficiente e fácil de forma a satisfazer ambas as partes. “A intervenção da Promotoria não é uma intervenção contra o sistema de bilhetagem, de maneira alguma, se ele vem em benefício de toda sociedade porto-alegrense. São apenas ajustes que temos de fazer para obedecer também um comando legal de respeito ao idoso”, afirma a Promotora de Justiça. Ela adiantou que as medidas a serem adotadas serão conversadas com os responsáveis pelo sistema "para ver de que maneira serão conciliados os direitos garantidos no Estatuto do Idoso em relação ao novo sistema de bilhetagem". ( Por Paula Derzete)