Gudbem e mais três réus perante o júri
O advogado e ex-deputado estadual Gudbem Borges Castanheira e mais três homens que participaram do assassinato do criminalista Júlio César Serrano, ocorrido dia 11 de janeiro de 2005, em Soledade, serão levados à júri popular nesta quinta-feira, 4, às 9h. O julgamento do crime que chocou a cidade de Soledade será na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Porto Alegre. O Tribunal de Justiça do Estado decidiu pelo desaforamento – realização do júri em outra Comarca – em virtude de pedido dos próprios jurados que atuam no Município, receosos em julgar o caso com imparcialidade pela influência que o principal réu do processo exerce na comunidade. A promotora de Justiça Lúcia Helena Callegari representará o Ministério Público no plenário. Ela adiantou que sustentará o libelo acusatório e pedirá a condenação dos réus pelos crimes de homicídio qualificado e formação de quadrilha.
Ameri Duarte, o Miraguai, que agenciou a morte de Serrano, alvejado com quatro tiros, já foi condenado a mais de 18 anos em regime fechado pelos delitos de homicídio qualificado e formação de quadrilha. Ele foi julgado separadamente na Capital, em maio deste ano, porque o júri foi cindido. Desta vez, além de Gudbem Castanheira, estarão sentados no banco dos réus João Eristeu Datsch, Elias Bispo de Souza, o Nino, e Cirso Rodrigues da Silva, o Neguinho. Não está afastada a hipótese de nova cissão do julgamento. O réu Aniceto dos Santos Almeida, o Xiruzinho, que atirou contra a vítima, está foragido desde o crime.
A denúncia do Ministério Público descreve que Júlio César Serrano foi surpreendido na avenida Júlio de Castilhos, em frente à Praça Olmiro Porto, em Soledade. Sem proferir nenhuma palavra, Aniceto Almeida disparou seu revólver contra a vítima e fugiu. A morte do advogado “foi a mando e mediante promessa de pagamento e posterior pagamento pelo denunciado Gudbem Castanheira, que tinha forte inimizade com a vítima por motivos profissionais e, também, por Serrano afirmar que conhecia fatos que incriminavam Gudbem”, frisou a promotora Lúcia Callegari.
Para encomendar a morte de Serrano, Gudbem entrou em contato com Ameri, que viajou para Foz do Iguaçu para dar o serviço a João Datsh que, depois, entrou em contato com Elias de Souza. A dupla fez contato com Aniceto para que praticasse o homicídio. Na data do crime, Cirso levou Elias de Caxias do Sul para Soledade. Depois do crime, ambos, acompanhado de Aniceto, retornaram para Caxias. Dias após, Cirso levou Elias para Passo Fundo, quando este se encontrou com Ameri para receber o pagamento pela prática do crime.
O pagamento foi feito por Gudbem a Ameri, que repassou parte do dinheiro aos demais denunciados. O primeiro pagamento aconteceu em setembro de 2004, quando foram entregues R$ 6 mil. Dias depois do assassinato de Serrano foram entregues mais de US$ 16 mil em dinheiro aos executores de Júlio César Serrano. Os réus tiveram suas prisões preventivas decretadas pela Justiça de Soledade, que deferiu pedido do promotor de Justiça Vercilei Serena. João Datsch, Elias de Souza e Cirso da Silva estão recolhidos no Presídio Central de Porto Alegre e Gudbem Castanheira está em uma cela da Brigada Militar.