Empresária condenada por crime em Uruguaiana
Após quatro dias de julgamento, o Tribunal do Júri de Uruguaiana condenou, na última sexta-feira, a engenheira Giselda Piegas Rolim, de 60 anos, a uma pena de 16 anos e seis meses de reclusão. A ré, que também é estancieira e empresária do ramo hoteleiro, havia sido denunciada por homicídio duplamente qualificado, cometido em 19 de abril de 2005 contra Ademir de Bairros Rodrigues, de 23 anos.
Na época, Giselda contratou Adão Noel Brum e Valdemir Machado de Mello, já condenados anteriormente, para matarem a vítima, mediante pagamento de R$ 5 mil, que ela suspeitava que estivesse furtando ovelhas de sua estância. A ré instruiu Adão, seu caseiro, e Valdemir, a atirarem na vítima simulando uma legítima defesa do patrimônio (abatendo, após, ovelhas e deixando-as a seu lado, como se ele estivesse, no momento, furtando).
Porém, de acordo com o promotor de Justiça Cristiano Mourão, o “tiro saiu pela culatra, pois os matadores deram tiros com armas de caça em Ademir”. Ele explica que a vítima não morreu imediatamente, caindo ao chão e passando a suplicar pela vida. Além disso, as armas, velhas, travaram, impedindo recarga. Sem outro recurso, Adão pegou um martelo e acertou a cabeça de Ademir, que prosseguiu vivo. O caseiro então lançou mão de uma pá, acertando-lhe golpes na fronte. A vítima morreu e, descaracterizada a “legítima defesa” idealizada, Adão e Valdemir enterraram Ademir em cova-rasa nos fundos da estância. No dia seguinte, fugiram do local.
Giselda sempre negou a encomenda do crime, mas segundo o promotor de Justiça Cristiano Mourão foi feita sólida prova aos jurados de que ela teve inúmeros contatos telefônicos com Adão após o crime, quando ele já havia fugido e o corpo da vítima tinha sido encontrado. Mourão explica que nunca Giselda, seja na polícia ou em juízo, mencionou os vários contatos posteriores com Adão. “Caso fosse inocente, qual a razão de ocultar isso da investigação?” questiona o Promotor. Além disso, cerca de trinta provas apontavam a ré como mandante do crime, desde delações dos co-réus a indícios, passando por provas orais e materiais, tais como a apreensão do martelo usado no crime, localizado no automóvel dela.
Para o promotor Cristiano Mourão “nada apagará a tragédia que aconteceu, pois a dor da família da vítima e o choque que a comunidade uruguaianense recebeu com o dramático episódio ainda serão sentidos por muito tempo. Mas, dentro daquilo que se pode desejar num estado democrático de direito, houve resposta, e foi positiva: foi verdadeiramente feita a Justiça”.