Métodos contraceptivos são discutidos em evento
Quais os métodos contraceptivos que a população dispõe? E quais as políticas de planejamento familiar que estão sendo implementadas? Para discutir tais questões, painelistas apresentaram idéias, respostas e questionamentos, na tarde desta quinta-feira (2), durante o II Fórum Estadual de Planejamento Familiar, que acontece no auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul.
A escolha do método contraceptivo
Mediado pelo coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos, promotor Mauro Souza, os debates iniciaram com a intervenção da ginecologista, obstetra e vice-presidente da Unimed Porto Alegre, Beatriz Valiati, que apresentou os métodos de contracepção que devem ser disponibilizados à população. “A escolha do método deve ser feita entre médico e paciente”, informou. Segundo ela, o médico deve sempre buscar a comunicação, escolhendo o ideal para cada pessoa. “Nem sempre o método mais moderno é o mais adequado, mas certamente o mais caro”, alertou.
Reflexão sobre a política de planejamento familiar
Atualmente, não há grandes projetos que contemplem o planejamento familiar, seja por parte de empresas ou de entes públicos. A constatação é do historiador e gerente executivo da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, Alceu Terra Nascimento. De acordo com ele, o pouco que tem sido feito é creditado a algumas escolas, organizações não-governamentais, setores da igreja e algumas empresas. Nascimento acredita que a sociedade ainda não mostrou interesse pelo planejamento familiar “porque é um tema difícil de lidar”.
Atendimento e assistência
Tanto homens como mulheres devem ser avaliados em sua sexualidade ao terem um atendimento integral em postos de saúde. Agindo assim, técnicos que prestam assistência contribuem para a implantação do planejamento familiar. O entendimento é da enfermeira sanitarista da área técnica de saúde da mulher da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, Lurdes Maria Toazza Tura. Para ela, médicos e enfermeiras devem conhecer a história de cada pessoa para depois adotar um método contraceptivo. Como representante do Executivo Municipal, a painelista apresentou um projeto desenvolvido com as agendas escolares utilizadas entre as 5ª e 8ª série das escolas municipais. A Prefeitura colocou frases, em 22 mil agendas, que ensinam os alunos a estarem atentos à sua saúde.
Métodos comportamentais
Durante o II Fórum Estadual de Planejamento Familiar, coube à socióloga e coordenadora do Centro Mãe da Vida, Rosane Mito, apresentar o método Billings. Criado pelo médico australiano John Billings, o método regula a fertilidade de forma natural, através da observação do muco cervical em pacientes. De acordo com a painelista, ele possui altas taxas de eficácia, especialmente em países de Terceiro Mundo. “É onde as pessoas têm uma maior motivação para controlar, espaçar e evitar os nascimentos de filhos”, acrescentou. Um projeto, usando o método Billings, na China, mostrou uma eficácia de 99,5%.
Ações do governo federal
Está em andamento, desde 28 de maio, a política federal de planejamento familiar. Lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelos ministros José Gomes Temporão, da Saúde, e Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o projeto tem como objetivo ampliar o acesso de todas as famílias brasileiras aos métodos anticoncepcionais. A informação foi passada aos participantes do evento pelo coordenador do Pacto Nacional Pela Redução da Mortandade Materna e Neonatal do Ministério da Saúde, Adson Roberto França dos Santos. Segundo ele, o governo pretende incorporar a vasectomia ao planejamento familiar. “Queremos conclamar o homem para que faça parte do planejamento reprodutivo, preservando sempre as normas técnicas e científicas”, informou. A vasectomia será realizada em nível ambulatorial e disponibilizada para quem já tem 25 anos de idade e seja pai de dois filhos. Uma campanha de mídia até o final do governo Lula deverá ser realizada, orientando e ensinando as diversas formas de como o nascimento dos filhos pode ser planejado.
Mais de 600 pessoas prestigiaram o início do evento, lotando o Auditório Mondercil Paulo de Moraes. Estiveram presentes o Procurador-Geral da Justiça, Mauro Henrique Renner; a Secretária Estadual da Educação, Mariza Abreu; o presidente da Assembléia Legislativa, Frederico Antunes; o Vice-Presidente do TJRS, Desembargador Danúbio Edon Franco, a Defensora Pública-Geral do Estado, Maria de Fátima Záchia Paludo, o presidente da ONG Brasil Sem Grades, Luiz Fernando Oderich; entre outras autoridades.
O seminário prossegue nesta sexta-feira (3), a partir 9h, no auditório do Ministério Público.