Menu Mobile

Audiência debate situação da Fazenda Coqueiros

Audiência debate situação da Fazenda Coqueiros

grecelle
Encontro realizado em Carazinho tratou da polêmica questão da desapropriação ou não do estabelecimento, que tem gerado conflitos na região

A decisão pela desapropriação da Fazenda Coqueiros, no município de Coqueiros do Sul, passa obrigatoriamente por uma decisão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), sobre a desapropriação ou não do estabelecimento. Esse o entendimento preponderante dos participantes de audiência pública organizada pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal, na última sexta-feira em Carazinho. Segundo o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Intitucionais, Eduardo de Lima Veiga, “fica evidente que precisamos de respostas do Governo Federal, nos cabe exigir a tomada de decisões, pois elas são definições políticas”. Pertencente à família Guerra, a área já foi invadida oito vezes desde 2004 por integrantes do MST, gerando diversos conflitos entre agricultores, ruralistas e Brigada Militar.

Ao final do encontro o superintendente regional do Incra, Mozar Dietrich, informou que o entendimento do Instituto é de que a Coqueiros deva ser desapropriada em sua integralidade e que recomendação nesse sentido já foi expedida ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, aguardando agora definição vinda de Brasília.

O encontro, que lotou o auditório das Promotorias de Justiça de Carazinho, contou ainda com a participação de representantes da Ouvidoria Agrária Nacional, MST e Brigada Militar. O proprietário da Fazenda e o Sindicato Rural do município não compareceram ao encontro. Uma carta foi encaminhada aos organizadores da audiência, em que as razões para a ausência são elencadas, especialmente a não concordância com a desapropriação da área.

Para o promotor de Justiça de Carazinho, Cristiano Ledur, o encontro serviu para firmar um marco na busca de soluções para o impasse existente na região. “A definição do Incra deve ser objetiva e rápida, pois tememos que se repita no Rio Grande do Sul um novo massacre de Eldorado dos Carajás”. A procuradora da República Patrícia Muxfeldt, entende que toda a sociedade deve estar envolvida no processo, debatendo o assunto. Ela disse ainda acreditar que as constantes invasões não são a maneira mais adequada de pressionar, pois criam uma imagem negativa do movimento junto à população. Muxfeldt revelou ainda que o órgão deve expedir uma recomendação ao Incra, solicitando que o Ministério Público Federal seja informado sobre a situação do pedido de desapropriação da fazenda, num prazo máximo de 60 dias.

Falando em nome dos trabalhadores sem-terra, o agricultor Darci Maschio reafirmou o entendimento do MST de que a área deva ser destinada para a reforma agrária. “Todos os trabalhadores têm direito constitucional à terra, queremos que o Estado cumpra com suas obrigações”. O comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo da Região Planalto, Cel. Waldir João Reis Cerutti, explicou que a Brigada Militar apenas tem cumprido a lei e as decisões do Poder Judiciário. “Isso nos prejudica, pois quando acontecem deslocamentos do nosso efetivo para distencionar os conflitos, aumenta a criminalidade na área urbana e o cidadão fica desprotegido”. O ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, alertou que a tomada de providências urge, pois “vai acabar acontecendo algum homicídio na localidade”. Ele propôs a formação de uma comissão para atuar na prevenção e resolução dos conflitos agrários no RS.



USO DE COOKIES

O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul utiliza cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação.
Clique aqui para saber mais sobre as nossas políticas de cookies.