Apresentado material do Acervo Tarso Dutra
Os documentos do Acervo Tarso Dutra foram apresentados nesta sexta-feira à imprensa gaúcha na sala do Acervo da Luta contra a Ditadura. O material será entregue oficialmente na segunda-feira (22/05) pelo Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais Mauro Henrique Renner ao Memorial do Rio Grande do Sul, que ficará responsável pela guarda e preservação do arquivo. A documentação foi localizada em 16 de dezembro de 2004, em um sítio pertencente a família do ex-Ministro Tarso Dutra, em Eldorado do Sul.
A partir de então, a Promotoria de Justiça dos Direitos Humanos, por intermédio da Promotora Miriam Balestro, instaurou um Inquérito Civil Público para investigar a responsabilidade pelo acervo encontrado. Em março de 2005 o Inquérito foi arquivado por concluir que a família não tinha a intenção de ocultar o material, nem de obstruir o acesso às informações, muitas delas de caráter sigiloso. Daí em diante foi constituída uma Comissão Curadora do Acervo, formada por Ministério Público, OAB, Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, Acervo da Luta contra a Ditadura e pelos historiadores Gunter Axt e Cíntia Souto. Todos eles, auxiliados pelo setor de Arquivo do Ministério Público, foram responsáveis pela limpeza e organização do material.
De acordo com Gunter Axt, constam no catálogo documentos sigilosos produzidos por órgãos públicos, documentos administrativos, recortes de jornais, livros e fotografias. Ele destaca que o acervo é de grande relevância especialmente para quem pesquisa sobre a ditadura e também a respeito do surgimento da Arena no Brasil. Axt revela ainda que a maioria dos papéis é datada das décadas de 60 e 70. Segundo estimativas da Comissão Curadora, existem cerca de 25 mil documentos, distribuídos em 251 caixas de material.
Segundo o Presidente do Acervo da Luta contra a Ditadura João Carlos Bona Garcia a intenção a partir de agora é dar publicidade aos documentos, respeitando as normas em vigor no país. “Muitos desses papéis mostram a preocupação do regime da época em tolher o desenvolvimento do Brasil, tanto do posto de vista ideológico, quanto de educação”. De acordo com Bona Garcia, o acervo ajuda a explicar um período delicado da história brasileira. “Por isso é importante, para que as pessoas saibam o que foi a ditadura, a fim de repelir a idéia de regime de repressão e aprender que a democracia é o melhor caminho que nós temos a seguir”.
A entrega dos documentos acontece na segunda-feira (22/05), às 14 horas, na sede do Memorial do Rio Grande do Sul, na rua Sete de Setembro, 1020, em Porto Alegre e é aberta ao público.