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Cidreira
Entre 5 e 25 mil
Osório
Escola
Querido Aluno, saia do muro da rua e entre na escola!
Busca ativa escolar
O principal objetivo deste projeto, é que todo o aluno infrequente retorne à escola, integrando-se ao grupo de colegas e à comunidade escolar, sentindo-se pertencente e atuante no seu local de origem e tendo plena ciência que lugar de criança e adolescente é na escola. É importante resgatar o estudante a partir de sua realidade social, familiar e educacional, considerando e respeitando os seus motivos e vulnerabilidades, atuando com a rede de proteção para que o aluno sinta-se acolhido e integrado à escola. Melhorar a autoestima do educando, através de atendimentos no setor de orientação educacional, onde ele desenvolve uma relação de confiança e aconselhamento, bem como o acompanhamento de frequência, desempenho escolar e recuperação de presenças com a recuperação das faltas no turno inverso ao da escola. Nosso maior objetivo (que se torna um grande desfio) é manter as crianças na escola e tornar as suas aprendizagens significativas, para que possam ser eles mesmos os agentes de transformação das próprias vidas, através da educação humanizada e de qualidade.
Todos os dias letivos são importantes. Mas naquela quarta-feira acontecia algo que deixaria aquele dia letivo mais importante do que os outros, para o adolescente M15, de quinze anos, que não havia entrado para a aula e estava sentado no muro do outro lado da rua, em frente à escola, com uma expressão preocupada no rosto. O monitor da escola observou que o menino costumava vir no ônibus escolar, mas que naquele dia não estava presente na escola. Sou orientadora educacional da escola, e já havia tentado contato com a família para realizar a busca ativa. Procurava o menino na escola, mas nunca o havia encontrado, devido ao grande número de faltas. Todas as tentativas de busca até o momento, haviam sido sem sucesso. Não seria o procedimento padrão, mas achei que eu precisava ir para fora dos portões da escola e saber o que o nosso aluno estava fazendo fora da sala de aula, porque faltava tanto às aulas e tinha aquela expressão preocupada no rosto. Fui até a rua e comecei a conversar com o aluno. Ele estava realmente numa situação de vulnerabilidade, pois mal perguntei o que estava acontecendo e ele já me respondeu que precisava de ajuda, e mostrou-se positivamente surpreendido e acolhido por ter sido finalmente visto por alguém, mesmo estando do outro lado da rua. Mesmo longe do horário de entrada e consequentemente fora das regras da escola, convidei o menino para entrar e conversar. Entre sentimentos de nervosismo, preocupação, tristeza e até um pouco de surpresa, ele demonstrou que estava se sentindo acolhido, e conseguiu falar que todos os problemas que sua família estava passando, o deixavam muito desatento e sem perspectivas de futuro. Havia sido criada ali, uma relação de confiança e ajuda real ao estudante. A partir daquele momento, foi reelaborada uma nova estratégia de busca ativa, não mais a tentativa padrão que envolve o contato com a família, a conscientização do aluno e articulação com a rede de proteção: naquele momento resolvi sair dos portões da escola e me colocar à disposição daquele menino que pedia ajuda com a presença física fora da escola, mas dentro do nosso olhar perceptivo e sensível de educador integral. As combinações práticas já foram traçadas a partir dali mesmo: sendo algumas delas: diálogo de escuta e confiança; orientação sobre a prevenção ao uso de drogas com o reforço à autoestima; acompanhamento de frequências; dias de reforço escolar para estudos compensatórios, etc. Desta vez, a verdadeiro compromisso com o sucesso escolar, que antes não conseguiu ser feito com a família, agora estava acontecendo com a pessoa que seria o grande responsável por isso: o próprio aluno. Parecia uma estratégia perigosa, pois o menino tem 15 anos. Mas frente às outras tentativas frustradas, não custaria tentar este caminho diferente. Todos os outros dias foram diferentes. Ensinar exige a audácia de acreditar no sucesso do aluno. E foi o que aconteceu naquela quarta-feira e nos outros dias e meses que seguiram. A proposta de estudos compensatórios foi facilmente aceita para recuperar as presenças e as aprendizagens que estavam em defasagem. Desde então o processo de resgate de M15 está sendo um sucesso, e ele está frequente, participativo e atuante nas aulas normais e nos estudos compensatórios. A profissão do educador nem sempre é fácil. Somos ensinados a trabalhar questões de aprendizagem. Porém, a realidade escolar aborda questões bem mais amplas e que vem se complementando entre si, que fogem um pouco às aprendizagens propriamente ditas, que envolveriam apenas os conhecidos conteúdos metodológicos. A educando não acontece sozinho, assim como a escola também não acontece sozinha. Ambos estão socialmente conectados e pertencentes à comunidade em que se inserem. Então, tudo o que envolva a saúde física e mental, a assistência social, questões de moradia, emprego e qualquer outro tema que envolva a família, acaba chegando até a escola, pois responde diretamente nas aprendizagens e na frequência do nosso aluno.
Quero ressaltar a importância do trabalho de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem dentro da escola. O professor é sempre visto como o principal agente educador. E ele realmente é. Porém, todos os profissionais envolvidos, que trabalham muito e com união e apropriando-se do seu papel transformador, também podem ter o seu valor e importância esquecidos neste processo. Os monitores os por exemplo, tem um olhar de extrema importância, por assistirem a interação e comportamentos em corredores e horários de recreio. É um trabalho de grande valor, e uma importante fonte de observações e encaminhamentos para o setor de orientação educacional. Outra profissão que ajuda muito nos encaminhamentos e observações informais realizadas, são os funcionários da cozinha, secretaria e limpeza, que estão sempre atentos aos desabafos que podem ser escritos no banheiro, conversados pelo corredor e até mesmo falado para o próprio funcionário que está mais perto e inspirando a confiança necessária naquele momento, para a criança ou adolescente em questão. As dicas e observações feitas pelos profissionais deste setor, ajudam muito para o diagnóstico de necessidades emocionais que os alunos possam estar necessitando, e ajuda muito esta atuação feita em parceria com a equipe diretiva da escola. M15 foi resgatado pela busca ativa, diretamente na pessoa da orientadora educacional, mas foi realmente resgatado por este grupo incrível e maravilhoso de funcionários da escola, que atua com união e parceria dentro (e até fora) da escola.
Entre 5 e 25 mil
Osório
Escola
Querido Aluno, saia do muro da rua e entre na escola!
Busca ativa escolar
O principal objetivo deste projeto, é que todo o aluno infrequente retorne à escola, integrando-se ao grupo de colegas e à comunidade escolar, sentindo-se pertencente e atuante no seu local de origem e tendo plena ciência que lugar de criança e adolescente é na escola. É importante resgatar o estudante a partir de sua realidade social, familiar e educacional, considerando e respeitando os seus motivos e vulnerabilidades, atuando com a rede de proteção para que o aluno sinta-se acolhido e integrado à escola. Melhorar a autoestima do educando, através de atendimentos no setor de orientação educacional, onde ele desenvolve uma relação de confiança e aconselhamento, bem como o acompanhamento de frequência, desempenho escolar e recuperação de presenças com a recuperação das faltas no turno inverso ao da escola. Nosso maior objetivo (que se torna um grande desfio) é manter as crianças na escola e tornar as suas aprendizagens significativas, para que possam ser eles mesmos os agentes de transformação das próprias vidas, através da educação humanizada e de qualidade.
Todos os dias letivos são importantes. Mas naquela quarta-feira acontecia algo que deixaria aquele dia letivo mais importante do que os outros, para o adolescente M15, de quinze anos, que não havia entrado para a aula e estava sentado no muro do outro lado da rua, em frente à escola, com uma expressão preocupada no rosto. O monitor da escola observou que o menino costumava vir no ônibus escolar, mas que naquele dia não estava presente na escola. Sou orientadora educacional da escola, e já havia tentado contato com a família para realizar a busca ativa. Procurava o menino na escola, mas nunca o havia encontrado, devido ao grande número de faltas. Todas as tentativas de busca até o momento, haviam sido sem sucesso. Não seria o procedimento padrão, mas achei que eu precisava ir para fora dos portões da escola e saber o que o nosso aluno estava fazendo fora da sala de aula, porque faltava tanto às aulas e tinha aquela expressão preocupada no rosto. Fui até a rua e comecei a conversar com o aluno. Ele estava realmente numa situação de vulnerabilidade, pois mal perguntei o que estava acontecendo e ele já me respondeu que precisava de ajuda, e mostrou-se positivamente surpreendido e acolhido por ter sido finalmente visto por alguém, mesmo estando do outro lado da rua. Mesmo longe do horário de entrada e consequentemente fora das regras da escola, convidei o menino para entrar e conversar. Entre sentimentos de nervosismo, preocupação, tristeza e até um pouco de surpresa, ele demonstrou que estava se sentindo acolhido, e conseguiu falar que todos os problemas que sua família estava passando, o deixavam muito desatento e sem perspectivas de futuro. Havia sido criada ali, uma relação de confiança e ajuda real ao estudante. A partir daquele momento, foi reelaborada uma nova estratégia de busca ativa, não mais a tentativa padrão que envolve o contato com a família, a conscientização do aluno e articulação com a rede de proteção: naquele momento resolvi sair dos portões da escola e me colocar à disposição daquele menino que pedia ajuda com a presença física fora da escola, mas dentro do nosso olhar perceptivo e sensível de educador integral. As combinações práticas já foram traçadas a partir dali mesmo: sendo algumas delas: diálogo de escuta e confiança; orientação sobre a prevenção ao uso de drogas com o reforço à autoestima; acompanhamento de frequências; dias de reforço escolar para estudos compensatórios, etc. Desta vez, a verdadeiro compromisso com o sucesso escolar, que antes não conseguiu ser feito com a família, agora estava acontecendo com a pessoa que seria o grande responsável por isso: o próprio aluno. Parecia uma estratégia perigosa, pois o menino tem 15 anos. Mas frente às outras tentativas frustradas, não custaria tentar este caminho diferente. Todos os outros dias foram diferentes. Ensinar exige a audácia de acreditar no sucesso do aluno. E foi o que aconteceu naquela quarta-feira e nos outros dias e meses que seguiram. A proposta de estudos compensatórios foi facilmente aceita para recuperar as presenças e as aprendizagens que estavam em defasagem. Desde então o processo de resgate de M15 está sendo um sucesso, e ele está frequente, participativo e atuante nas aulas normais e nos estudos compensatórios. A profissão do educador nem sempre é fácil. Somos ensinados a trabalhar questões de aprendizagem. Porém, a realidade escolar aborda questões bem mais amplas e que vem se complementando entre si, que fogem um pouco às aprendizagens propriamente ditas, que envolveriam apenas os conhecidos conteúdos metodológicos. A educando não acontece sozinho, assim como a escola também não acontece sozinha. Ambos estão socialmente conectados e pertencentes à comunidade em que se inserem. Então, tudo o que envolva a saúde física e mental, a assistência social, questões de moradia, emprego e qualquer outro tema que envolva a família, acaba chegando até a escola, pois responde diretamente nas aprendizagens e na frequência do nosso aluno.
Quero ressaltar a importância do trabalho de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem dentro da escola. O professor é sempre visto como o principal agente educador. E ele realmente é. Porém, todos os profissionais envolvidos, que trabalham muito e com união e apropriando-se do seu papel transformador, também podem ter o seu valor e importância esquecidos neste processo. Os monitores os por exemplo, tem um olhar de extrema importância, por assistirem a interação e comportamentos em corredores e horários de recreio. É um trabalho de grande valor, e uma importante fonte de observações e encaminhamentos para o setor de orientação educacional. Outra profissão que ajuda muito nos encaminhamentos e observações informais realizadas, são os funcionários da cozinha, secretaria e limpeza, que estão sempre atentos aos desabafos que podem ser escritos no banheiro, conversados pelo corredor e até mesmo falado para o próprio funcionário que está mais perto e inspirando a confiança necessária naquele momento, para a criança ou adolescente em questão. As dicas e observações feitas pelos profissionais deste setor, ajudam muito para o diagnóstico de necessidades emocionais que os alunos possam estar necessitando, e ajuda muito esta atuação feita em parceria com a equipe diretiva da escola. M15 foi resgatado pela busca ativa, diretamente na pessoa da orientadora educacional, mas foi realmente resgatado por este grupo incrível e maravilhoso de funcionários da escola, que atua com união e parceria dentro (e até fora) da escola.